Compra TVI. Ações da Cofina dispararam mais de 14,5%

CMVM suspendeu negociação dos títulos da empresa enquanto aguardava informações sobre negócio.  

O interesse da Cofina em comprar a Media Capital fez disparar as ações da empresa liderada por Paulo Fernandes. Os títulos que começaram a ser negociados novamente esta segunda-feira – estiveram suspensos pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) desde 14 de agosto à espera de informação por parte do regulador – valorizaram 14,5% com as ações a valeram 0,510 euros. Feitas as contas, negociaram mais 10 vezes mais do que a média nos últimos seis meses. Já os títulos da Media Capital fecharam inalteradas nos 1,89 euros, tendo sido transacionados 5500 títulos, ainda assim, acima da média.

A 14 de agosto, o regulador decidiu suspender a negociação dos títulos das duas empresas, “aguardando a divulgação de informação relevante ao mercado”, depois de ter sido avançado que o dono da Cofina, Paulo Fernandes, tinha decidido entrar em negociações para a compra da TVI à espanhola Prisa. Nesse mesmo dia, horas depois da suspensão da negociação das ações pela CMVM, a Cofina anunciou estar a negociar com a Prisa a aquisição da participação desta na Media Capital. No dia seguinte foi a vez do grupo espanhol confirmar que mantinha negociações em regime de exclusividade com a Cofina sobre a eventual venda da dona da TVI. 

A Cofina indicou ainda que se encontra “atualmente a rever documentação relativa à Vertix para, em conjunto com a Prisa, concretizar definitivamente o objeto do negócio e, correspondentemente, a respetiva avaliação” e que as negociações em regime de exclusividade vão vigorar durante um período de 30 dias, podendo, no entanto, o prazo ser prorrogado por vontade das partes. E tendo, em conta a reduzida liquidez das ações do grupo, a empresa “antecipa que, caso venha a ser anunciada uma OPA sobre a Media Capital, a CMVM designe um auditor independente para fixar a respetiva contrapartida”.

Esse interesse já tinha sido divulgado em março pelo SOL ao revelar que grupo espanhol estava em fase de conclusão de um acordo de princípios com um grupo de investidores com ligações aos media em Portugal. Uma operação que rondaria os 315 milhões de euros. 

O i sabe que a Cofina terá decidido avançar após a saída de Rosa Cullell da direção executiva da Prisa. Ao que o i apurou, o negócio a avançar poderá ter problemas junto da Autoridade da Concorrência, principalmente na televisão. Ainda assim, fonte ligada ao processo garantiu que “o share de audiências da TVI e da CMTV juntas são inferiores à da SIC generalista”. 

Depois de ter adquirido a Media Capital em 2005, o grupo espanhol chegou a ter um acordo fechado com a Altice, em julho de 2017, para a venda da dona da TVI por cerca de 440 milhões de euros, mas o negócio acabou por esbarrar na demora das autorizações necessárias da Concorrência e de outras entidades reguladoras.

Recorde-se que, a Media Capital fechou o primeiro semestre com lucros de 5,9 milhões de euros, uma quebra de 44% face ao período homólogo. Já a Cofina apresentou lucros de três milhões de euros nos primeiros seis meses do ano, um aumento de 14,1% face a igual período de 2018.