“Só existem apenas dois nutricionistas para todas as escolas públicas do país” recorda Ordem

Saudando o avanço da Lei da Publicidade dirigida a menores, a bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, recordou hoje a falta daqueles mesmos especialistas nas escolas.

A Ordem dos Nutricionistas insistiu esta quarta-feira na falta de nutricionistas nas escolas, depois de há sete anos existir uma recomendação no sentido de colmatar essa lacuna, pois só existem dois profissionais daquela especialidade para todas as escolas públicas do país.

Saudando o avanço da Lei da Publicidade dirigida a menores, a bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, recordou hoje a falta daqueles mesmos especialistas nas escolas, chamando a atenção que já “em 2012 foi publicada uma recomendação para a presença destes profissionais nas instituições de ensino e até ao momento nada foi feito”.

“Acaba de ser publicada a tabela que define quais os alimentos e bebidas que podem ou não ter publicidade dirigida a menores de 16 anos, saudando a Ordem dos Nutricionistas o avanço da medida, que é essencial para prevenir a obesidade infantil, mas relembra ao Governo que falta mais ação para melhorar a alimentação e a saúde das crianças e jovens portugueses”, refere a bastonária.

Para a Ordem dos Nutricionistas é “incompreensível, que depois da publicação em 2012 da recomendação da presença de nutricionistas nas escolas, nada ter sido feito”, quando “só existem dois nutricionistas para todas as escolas públicas do país, lugares que são privilegiados para a promoção de literacia alimentar”.

Em fevereiro de 2018, a Ordem dos Nutricionistas apresentou uma proposta à secretária de Estado Adjunta e da Educação, Alexandra Leitão, alertando então para a necessidade de integrar nutricionistas nas escolas, que seriam assim os responsáveis pela garantia de um ambiente alimentar salutogénico nestes espaços.

“O Governo não se pode demitir de proteger as crianças na globalidade”, segundo refere a bastonária, Alexandra Bento, destacando que “hoje foi dado um passo importante, mas o caminho a percorrer ainda é longo”.

Tudo por “ser precisamente nestas faixas etárias que devem ser direcionados os maiores esforços, sendo a escola o local privilegiado para adquirir conhecimentos e competências para a adoção de comportamentos alimentares mais saudáveis”, diz a bastonária da Ordem dos Nutricionistas.

Ainda relativamente à publicidade de produtos alimentares, Alexandra Bento relembra “finalmente a Assembleia da República legisla sobre esta matéria, baseada naquilo que a ciência nos diz, há uma forte associação entre a exposição das crianças à publicidade a produtos alimentares e o seu consumo, sendo que quanto mais jovens, mais vulneráveis são”.

Quanto à tabela hoje apresentada, da autoria da Direção Geral de Saúde (DGS), a Ordem dos Nutricionistas considera que “este não deverá ser um documento estático, que deverá recolher cada vez mais contributos para uma melhoria continua, com base em evidência científica”.

Crianças muito vulneráveis

Em Portugal, 27% dos anúncios na televisão são sobre alimentos com excesso de açúcar, gorduras e sal, com cerca de metade destes anúncios dirigidos às crianças, transmitidos principalmente em períodos de maior audiência infantil, para além de que em média as crianças estão expostas a cinco anúncios de alimentos por hora.

Segundo o COSI Portugal 2019, a prevalência de excesso de peso em crianças entre os seis e os oito anos apresenta uma tendência decrescente.

De 2008 até 2019 este valor baixou 8,3%, isto é, de 37,9% para 29,6%, enquanto que relativamente à obesidade infantil, registou-se um decréscimo de 3,3%, encontrando-se atualmente nos 12%.