Itália. Open Arms desembarca em Lampedusa sob avisos de Madrid

Embora já tenha atracado, Open Arms arrisca-se a ter problemas com as autoridades. 

A Proactiva Open Arms aportou a sua embarcação depois de 20 dias consecutivos no mar, pondo finalmente em terra a centena de refugiados que tinha a bordo. Mas, ainda assim, não teve dos mais felizes dos finais: Madrid ameaça a organização humanitária espanhola com uma multa de 900 mil euros. 

“A Open Arms não tem a permissão para resgatar [migrantes]”, afirmou Carmen Calvo, vice-primeira-ministra de Espanha, à Cadena Ser. “Isto é um Estado regulado pela lei, toda a gente sabe o que pode e o que não pode fazer”, acrescentou Calvo. A organização humanitária foi autorizada a sair de Barcelona em abril, depois de ter sido impedida de deixar o porto da capital catalã durante três meses.

Contudo, a Open Arms estava proibida de se deslocar para águas territoriais líbias – uma proibição que não respeitou. Um documento da diretoria-geral da Marinha espanhola obtido pela AFP diz que a Open Arms arrisca-se a uma multa até 901 mil euros pela infração. 

O barco estava ancorado há seis dias ao largo da ilha de Lampedusa, impedido de atracar no porto italiano por Matteo Salvini, líder da extrema direita de Itália e vice-primeiro-ministro. A tensão e o estado de desespero em que se encontravam os tripulantes e refugiados a bordo levou o Governo espanhol a intervir, tendo enviado um navio da Marinha para deslocar o Open Arms (barco com o mesmo nome da organização) para um porto espanhol.  

Um tribunal italiano ordenou o desembarque imediato dos refugiados a bordo, na terça-feira, depois de dias de impasse. Entrevistado pelo El País, Ali Maray, um dos migrantes a bordo, de 25 anos, confessou que gastou toda a sua energia durante a sua jornada para fugir da Síria. “Em 25 anos gastei as forças de um homem de 80 anos”, disse o estudante de engenharia e falante de quatro línguas.