Autarquia de Santa Comba Dão rejeita museu de homenagem a Salazar

Câmara Municipal diz querer criar um Centro Interpretativo do Estado Novo

A Câmara Municipal de Santa Comba Dão deixou, este sábado, a garantia de que nunca teve intenção de criar um museu dedicado a Salazar, mas sim um Centro Interpretativo do Estado Novo, incluído numa rede ligada à História e Memória Política e em parceria com outras entidades regionais.

Através de um comunicado enviado à Agência Lusa, Leonel Gouveia, presidente do município do distrito de Viseu, disse considerar que muitas das notícias já escritas sobre o tema foram "descontextualizadas". "Conscientes de que o presente não seja semelhante ao passado, importa apresentar de forma isenta um importante período da nossa história que não pode ser apagado; conscientes de que é proporcionando informação no âmbito social, político, económico e cultural que melhor podemos ter conhecimento da nossa história coletiva. A rede de centros interpretativos visa a promoção e o aprofundamento da democracia e do desenvolvimento integrado de um vasto território da região Centro e também dar a conhecer a participação destes territórios na história política do século XX português", salientou o autarca.

Em relação à rede de Centros Interpretativos de História e Memória Política da Primeira República e do Estado Novo — que tem consultoria científica e tecnológica a cargo do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra —, Leonel Gouveia refere que “visa a promoção do turismo e lazer alargando a atratividade da região contribuindo para um desenvolvimento coeso destes territórios”.

Este esclarecimento surge oito dias depois do anúncio do início da primeira fase de requalificação da Escola Cantina Salazar, no Vimieiro, onde o ditador nasceu, com o objetivo de aí instalar o Centro Interpretativo do Estado Novo, obra orçada em 150 mil euros a concluir até final do ano. “Este será um local para o estudo do Estado Novo e nunca um santuário para nacionalistas. O que vai ser dado a conhecer é um período de 50 anos da história do nosso país, que teve como figura chave Salazar. De modo algum se pretende contribuir para a sacramentalização ou diabolização da figura do estadistaM o objetivo é apenas e só fazer um levantamento científico e histórico de um regime político, enquanto acontecimento factual”, dizia então o autarca, numa informação publicada no site do município.

No mesmo dia do anúncio da Câmara Municipal de Santa Comba Dão, foi criada uma petição intitulada "Museu de Salazar, Não", que já conta com mais de 17 mil assinaturas. Alguns dias depois surgiu outra petição, agora favorável à instalação de um museu dedicado a Salazar, que já tem quase dez mil assinaturas.