Portugal era o único que ainda não tinha tido uma comissária

Pasta atribuída a Elisa Ferreira só deverá ser conhecida em outubro.

A escolha do primeiro-ministro para a ocupar o cargo de comissário europeu por Portugal recaiu sobre a vice-governadora do Banco de Portugal (BdP), Elisa Ferreira, anunciou ontem o gabinete de António Costa. Entre os primeiros 12 Estados-membro da União Europeia, Portugal era, até agora, o único país que ainda não tinha tido uma comissária europeia.

Pelo caminho, na corrida a comissário europeu, ficou o eurodeputado Pedro Marques, que era o outro nome em cima da mesa de António Costa.

A escolha de Costa foi aplaudida em uníssono pelo Presidente da República, por todos os partidos da esquerda à direita, por alguns ex-governantes e pelo antigo presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso.

De acordo com o gabinete do primeiro-ministro, o nome de Elisa Ferreira – que foi eurodeputada entre 2004 e 2016 – já foi comunicado à presidente eleita da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen que tinha pedido a todos os países que sugerissem, pelo menos, o nome de um homem e outro de mulher. Isto porque a presidente da Comissão Europeia quer formar um elenco com paridade total entre os 26 comissários.

Resta agora saber qual a pasta que será atribuída a Elisa Ferreira, que vai substituir Carlos Moedas num mandato que termina em 2024.

O ex-comissário europeu da Ciência e Inovação, indicado pelo governo PSD/CDS, fez saber que está “muito contente por passar o testemunho” à ex-ministra do Ambiente e do Planeamento dos governos de Guterres. Carlos Moedas salienta que Elisa Ferreira é uma “europeia convicta” e que “foi sempre uma mulher de criar pontes e conseguir consensos” com uma “experiência extraordinária” para trabalhar “em tudo o que é área financeira e económica”.

Entretanto, amanhã Carlos Moedas e Elisa Ferreira vão ser recebidos por António Costa em São Bento. Além disso, a comissária portuguesa indigitada – tal como todos os nomes sugeridos pelos restantes países – terá ainda de ser ouvida no Parlamento Europeu numa audição para que o seu nome seja aprovado, o que só deverá acontecer a 22 de outubro.

Por saber fica ainda quando Elisa Ferreira vai deixar o cargo de vice-governadora do Banco de Portugal, cujo governador, Carlos Costa, está a menos de um ano do fim do mandato.

 

Elogios a Elisa Ferreira

Durante o dia de ontem, foram várias as reações e os elogios que foram dirigidos a Elisa Ferreira. O Presidente da República fez saber que já felicitou pessoalmente a comissária portuguesa indigitada. Também o antigo presidente da Comissão Europeia e ex-primeiro-ministro do PSD, Durão Barroso, desejou os “maiores sucessos” a Elisa Ferreira e destacou a sua “considerável experiência” e “sincera convicção europeia”.

O ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, considera que as qualificações de Elisa Ferreira são de um “nível absolutamente único e excecional”.

Os elogios à escolha de António Costa estendem-se ainda aos eurodeputados portugueses. Paulo Rangel, do PSD, saúda a indigitação de Elisa Ferreira considerando a vice-governadora do BdP “experiente, competente e com rede europeia”. O eurodeputado social-democrata prevê ainda que Elisa Ferreira possa vir a “ter uma boa pasta como a Economia, o Ambiente ou o Desenvolvimento”.

O eurodeputado do CDS, Nuno Melo, desejou a Elisa Ferreira “boa sorte” para o seu mandato, mas salientou que “o cargo de comissário não depende de um nome apenas, depende fundamentalmente da pasta atribuída e das competências da pessoa escolhida para essa pasta”.

Um alerta partilhado por João Ferreira. O eurodeputado comunista salientou que mais importante do que o nome são as políticas seguidas pela próxima comissária. João Ferreira aproveitou para lembrar que é “importante que o futuro comissário use esse espaço de manobra para defender o interesse português, que tem sido negligenciado ao longo dos últimos anos”.

Já Marisa Matias, do Bloco de Esquerda disse ter a esperança que Elisa Ferreira seja “uma voz forte contra a política europeia de destruição dos serviços públicos e desregulação do mercado de trabalho que tem vigorado na Europa”. Por fim, o eurodeputado socialista Carlos Zorrinho, destaca a “grande capacidade técnica e política” prevendo que Elisa Ferreira seja uma “protagonista ativa”.

Todos os países da União Europeia têm de indicar um nome à alemã Ursula van der Leyen, que a partir de novembro vai presidir à Comissão Europeia, composta por um total de 27 comissários. No entanto, este ano o elenco de comissários foi reduzido para 26 tendo em conta que o Reino Unido conta em sair da União Europeia a 31 de outubro.

“É uma escolha de excelência e de competência que prestigia o país. Elisa Ferreira tem um percurso de rigor, de excelência e de competência.” Ana Catarina Mendes Secretária-geral-adjunta do PS “Esperamos que lhe seja atribuída uma pasta importante para Portugal e que tenha arte, saber e sorte no desempenho da função.” Rui Rio presidente do PSD “Vamos seguramente ficar muito orgulhosos daquilo que ela for fizer em prol da UE, porque é nesse patamar que se deve colocar o colégio de comissários.” Mário Centeno ministro das finanças e presidente do eurogrupo “Desejo-lhe os maiores sucessos como comissária e espero que a nova Comissão Europeia traga uma maior energia a esta grande realização que é a UE.” Durão Barroso antigo presidente da comissão europeia “É uma escolha de excelência e de competência que prestigia o país. Elisa Ferreira tem um percurso de rigor, de excelência e de competência.”