Entrevista de António Costa: o retrato de um perfeito burlão político

“Como também afirmámos na prosa acima mencionada, António Costa tem a extraordinária sorte de ser levado ao colo pela comunicação social, designadamente pelo “Expresso”. Comprar o “Expresso” hoje, significa contribuir com quase cinco euros para a campanha do PS”

1.Escrevemos na terça-feira passada, no “i”, que António Costa está atolando Portugal num verdadeiro pântano, à escala das experiências trágicas socialistas anteriores protagonizadas por António Guterres (um voluntarista nato, uma excelente pessoa, um péssimo político: é um verdadeiro decisófobo, como, em tempos, o apelidou Marcelo Rebelo de Sousa) e José Sócrates (o verdadeiro aprendiz de tiranete de quinta categoria).

Costa é, no entanto, mais sofisticado no engodo, na montagem da encenação, revelando uma psicopatia política só ao alcance de líderes autoritários e que têm problemas com os postulados próprios do Estado de Direito Democrático.

Convém não esquecer que António Costa foi, no início do presente século, um dos mais entusiastas apoiantes da célebre frase (tão bombástica quanto sincera e verdadeira) de Jorge Coelho, segundo a qual “quem se mete com o PS, leva”.

Quem ousa desafiar o poder socialista, sofre consequências.

Assim foi nos últimos quatro anos de consulado costista.

Assim será – em dose reforçada e altamente perigosa para a nossa vitalidade democrática – caso António Costa seja, pela primeira vez, eleito Primeiro-Ministro por escolha dos portugueses (embora reconduzido no cargo, em virtude da golpada parlamentar de 2015 montada pela extrema-esquerda e pela esquerda dos interesses especiais, que já tinham tudo planeado para ter este PS, capturado por certos interesses, no poder e não poderiam, zelando pelas suas vidinhas, deixar de ter os socialistas nos sítios certos…).  

2.Como também afirmámos na prosa acima mencionada, António Costa tem a extraordinária sorte de ser levado ao colo pela comunicação social, designadamente pelo “Expresso”.

Comprar o “Expresso” hoje, significa contribuir com quase cinco euros para a campanha do PS.

A situação é ainda mais grave do que julgávamos na terça-feira: é que no mesmo dia, soube-se que o “Financial Times” considera Mr. Costa o grande líder da Europa; e que a TVI iria realizar, na mesma semana, uma entrevista ao mesmo Mr. Costa (como ocorreu ontem).

Ou seja: se a publicação da terceira entrevista de Verão consecutiva do “Expresso” a António Costa já é grave por si só, torna-se especialmente censurável quando o momento da sua publicação é articulada com o gabinete do Primeiro-Ministro, ajustando-se os critérios (supostamente) jornalístico/editoriais às conveniências políticas de António Costa.

O “Expresso” está completamente ao serviço dos interesses do PS de António Costa. E a publicação de Francisco Pinto Balsemão assume, por conseguinte, o risco da sua desvalorização – como acertadamente escreveu um leitor na caixa de comentários do “i” –  de jornal de referência para jornal de reverência.

Reverência ao poder absoluto socialista.

 Tal como já havia sucedido no tempo de Sócrates.

Ou, noutra formulação, o “Expresso” deixou de ser um jornal para se transformar um mero boletim de campanha socialista.

Pura propaganda pró-Costa – combinar a publicação de entrevista ao calendário eleitoral de António Costa é um novo limite de pura decadência de um outrora jornal prestigiado e prestigiante.

3.Quanto ao conteúdo, foi uma entrevista simpática, muito generosa, muito suave dos jornalistas do “Expresso” ao seu político de eleição.

Ao Primeiro-Ministro que a direcção do Expresso e a administração querem ver reeleito, com folgada maioria, já em Outubro.

Houve até quem, com muita piada, escrevesse que a entrevista, embora assinada por um jornalista de qualidade (Vítor Matos), foi, na verdade, realizada pelo maior costista português, o jornalista Pedro Santos Guerreiro (ex-director, hoje membro da redacção do “Expresso”): Pedro Santos Guerreiro, antes da publicação da entrevista, mandou alguém assinar por Vítor Matos…

Com efeito, o “Expresso” não fez uma entrevista: foi apenas uma conversa de café para deixar António Costa brilhar.

Em termos de conteúdo, pouco ou nada há a acrescentar- banalidades, frases comuns, promessas que Costa já repetiu à exaustão.

Nada mais. E a confirmação de que António Costa reúne todos os traços de um típico burlão político.

 António Costa mente tanto, mente tantas vezes, mente com tamanho profissionalismo – só digno de pessoas sem qualquer consciência sobre o bem estar do povo que deveriam servir, que fazem da venda de ilusões, da preservação do seu poder pessoal, o seu verdadeiro (e único) projecto de vida.

António Costa faz lembrar aqueles vendedores ambulantes, burlões, charlatães, que vendem, com entusiasmo e proselitismo, a gama mais rasca de aspiradores ou produtos domésticos.

Nada do que António Costa diz apresenta a mais ligeira aproximação à realidade – Costa é um verdadeiro artista. E a História de Portugal mostra bem a tragédia que nos assola quando os artistas permanecem demasiado tempo no poder…

4.O exemplo mais paradigmático das mentiras obsessivas e compulsivas de António Costa é a sua posição sobre a geringonça.

Efectivamente, Costa afirma que um PS fraco e um BE forte significa um cenário de ingovernabilidade.

Ora, o cenário de um PS fraco – no sentido de derrotado nas eleições nacionais – e de um BE forte, foi precisamente o que verificou nos últimos quatro anos!

Ou seja: António Costa admite, finalmente, que a geringonça foi (e será ) a maior fraude da história político-constitucional portuguesa.

Que os últimos quatro anos foram marcados por uma enorme instabilidade, de facto, política – maquilhadas por uma fingida estabilidade, criada pela comunicação mediática (e por um cenário internacional altamente favorável).

No fundo, António Costa confirma a nossa tese, que temos vindo a defender, sucessivamente, nos últimos quatro anos: que a geringonça só não caiu, porque nunca andou. Manteve-se sempre no mesmo sítio, alimentada pela vontade de destruir (algumas) medidas do Governo anterior referentes à função pública e à contratação colectiva. Em termos ainda mais claros: António Costa confirmou que Portugal perdeu quatro anos nesta brincadeira, marcada por um Governo constantemente manietado na sua acção para criar uma falsa ideia de estabilidade.

Sintomático sobre o país em que vivemos, dominado por um conjunto de interesses especiais que querem a esquerda no poder a todo o custo, é o facto de esta declaração de António Costa não ter suscitado a indignação geral!

Porque ela significa que Costa acha que todos os portugueses são estúpidos, ignorantes – e que basta gozar na nossa cara para ser reeleito…

5.Quanto ao mais, é o mesmo de sempre: António Costa a prometer tudo a todos, a inventar que o PS é o partido da justiça social, quando hoje é um partido completamente capturado pelos interesses especiais – e a garantir que fará nos próximos quatro anos o que não fez nos últimos quatro…

Um serviço nacional de saúde depauperado, serviços públicos à míngua, fruto das cativações à la Mário Centeno, um Ministro das Finanças a cuidar da sua carreira, um Primeiro-Ministro que fez tudo para ir para a Europa e já está doido para preparar a sua candidatura presidencial em 2026…

Resta saber se os portugueses, em Outubro, querem contribuir para o futuro da família de Costa, César e da enorme família dos apoiantes socialistas de Costa – ou querem contribuir para o seu futuro, o futuro das suas famílias, pelo mérito e não pela filiação no PS.

É tempo de acabar com a regra de que quem se mete com o PS, leva (nem Salazar se atrevera a tanto!).

De burlões políticos como António Costa– que hoje dizem uma coisa, amanhã o seu contrário – já estamos fartos…Não esqueçamos que a troika também foi produto do charlatanismo da dupla Sócrates/Costa…

joaolemosesteves@gmail.com