Presidente da República condecora Fernando Namora, Mário Cláudio e Zeferino Coelho

Aos jornalistas, Marcelo Recebo de Sousa explicou que estas cinco condecorações têm por objetivo “homenagear o livro e a leitura”.

Os escritores Mário Cláudio e Fernando Namora e o editor Zeferino Coelho foram distinguidos, esta quinta-feira, pelo Presidente da República, no início da quarta edição da Festa do Livro em Belém. Marcelo Rebelo de Sousa condecorou, a título póstumo, Namora, que pertenceu à geração de 40 – grupo literário que reuniu personalidades como Carlos de Oliveira ou Mário Dionísio – e começou por exercer a profissão de médico. Aliás, sublinhe-se que no passado mês de abril, na comemoração do centenário do nascimento do médico falecido em 1989, o chefe de Estado lamentou que o escritor tivesse sido esquecido pela população portuguesa.

"Durante muitos anos, diria mesmo décadas, Fernando Namora foi esquecido. Para a minha geração era uma referência fundamental, mas depois houve grandes mudanças na sociedade portuguesa e esgotaram-se as suas obras" adiantou aos jornalistas, avançando que já não existem obras do escritor nas livrarias "e, se não há, não se pode ler". Porém, realçou que "está a redescobrir-se Fernando Namora com a reedição que a Caminho, em boa hora, decidiu fazer de todas as obras". A justificação para a condecoração do autor de obras como 'Domingo à tarde' ou 'Fogo na noite escura'? Na ótica do Presidente da República, prende-se com o facto de Namora ter sido "o retrato do que era Portugal do campo e da cidade, visto pelos olhos de um médico nos dramas de cada um dos seus pacientes, uns físicos e outros morais".

Mário Cláudio é o pseudónimo literário de Rui Manuel Pinto Barbot Costa, nascido há 77 anos, no Porto e licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra. Estreou-se, em 1969, com a obra 'Ciclo de Cypris'. Já Zeferino Coelho, editor na Caminho há cinco décadas, destaca-se (entre outras atividades) por ter sido o primeiro editor de José Saramago. No entanto, o ensaísta e crítico literário Eugénio Lisboa – especialista na obra de José Régio – foi também distinguido como comendador da Ordem Militar de Sant'Iago de Espada assim como o antigo presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) João Amaral.

Mário Cláudio recebeu a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, Zeferino Coelho a Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e Namora a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade – sendo que esta foi entregue à sua filha Margarida Namora.