Quem tem medo da História?

Aliás, esse não querer que se fale de Salazar denuncia uma fraqueza: o receio de que as pessoas o glorifiquem. O receio de que se façam comparações entre Salazar e os atuais políticos – eventualmente menos favoráveis a estes.

Circulou na net uma petição contra a criação de um museu sobre Salazar no Vimieiro, em Santa Comba Dão.
A ideia do museu parece ter partido do próprio presidente da Câmara de Santa Comba, eleito pelo PS, embora este tenha depois recuado, vindo dizer que nunca teve tal intenção.

A petição contra o museu partiu de um grupo de militantes comunistas, com umas ‘florzinhas’ do PS e do BE, para disfarçar.

Sempre foi assim: as iniciativas ditas ‘unitárias’ sempre foram controladas pelo PCP, embora depois agregassem pessoas de outras correntes para fingirem um cunho pluralista.

Percebe-se que a figura de Salazar faça engulhos aos militantes comunistas.

Foram eles, de longe, os principais alvos da repressão da PIDE, pois eram verdadeiramente a única ameaça ao Estado Novo – na medida em que tinham uma organização clandestina bem implantada e muito activa.

Os militantes comunistas eram os únicos que podiam dar informações valiosas â polícia política, pois poderiam contribuir para o desmantelamento da estrutura clandestina; e, por isso, eram muitas vezes alvo de enormes torturas.
Os outros – os republicanos e os socialistas – não representavam perigo nenhum, dado que apenas falavam nos cafés e faziam uns inócuos abaixo-assinados, pelo que a PIDE pouco se preocupava com eles.

Detinha-os às vezes por horas ou por dias, dava-lhes uns safanões para os assustar, mas pouco passava disso.
As grandes vítimas eram sem dúvida os comunistas.

Mas estes lutavam porquê? Pela liberdade, como diziam?

Mas, se era isso, não se compreende que hoje queiram calar os outros.

Que queiram apagar figuras da História – impedindo que se fale delas.

Aliás, esse não querer que se fale de Salazar denuncia uma fraqueza: o receio de que as pessoas o glorifiquem.
O receio de que se façam comparações entre Salazar e os atuais políticos – eventualmente menos favoráveis a estes.

Só este receio justifica a oposição a um museu Salazar. 

Mas quem tem medo da História dificilmente irá longe. 

Há que dizer, entretanto, alguma coisa mais a este respeito.

Enquanto os comunistas supostamente lutavam pela liberdade em Portugal, apoiavam entusiasticamente a Rússia soviética – onde, em nome do comunismo, milhões de pessoas eram mandadas para a Sibéria, donde não mais voltavam. 

Dir-se-á que os comunistas portugueses não sabiam dessas mortes.

Pode ser.

Mas a verdade é que, quando elas foram divulgadas e todo o mundo tomou conhecimento delas, os comunistas nunca as quiseram criticar.

O PCP é mesmo o único partido da Europa que se manteve sempre fiel ao estalinismo.

Rejeitando um regime em cujas prisões morreram 50 militantes comunistas em 48 anos, o PCP apoiava outro onde os supostos opositores, muitas vezes sem qualquer fundamento, eram torturados, deportados e mortos aos milhares. 
E ainda hoje, rejeitando um museu Salazar, o Partido Comunista não faz uma crítica ao regime cubano, onde a família Castro ocupa ditatorialmente o poder há 50 anos.

Não faz uma crítica à Coreia do Norte, onde o líder mandou matar a família toda para conquistar o poder.
Não faz uma crítica à Venezuela, donde já saíram três ou quatro milhões de pessoas em fuga ao regime de Maduro.
Que coerência há em tudo isto?

Só há uma: a ideologia.

A ideologia justifica todas as atitudes e todos os crimes.

Os factos não interessam – só interessam os fins, os objetivos.

E todos os meios são legítimos para os atingir.

Não assinando nenhuma petição, porque há muitos anos que não subscrevo abaixo-assinados, declaro o meu apoio a um museu Salazar.

Um museu objetivo, sem partis pris nem ideias feitas.

Aliás, estou a escrever um livro sobre Salazar e o fim do Estado Novo 

Um livro diferente do que escreveriam – e escreveram – os seus adeptos e os seus inimigos. 

Onde Salazar surge com as suas forças e fraquezas, as suas luzes e sombras, os seus defeitos e virtudes.

Tal como sucede com o museu, os comunistas e respetivos compagnons de route, se tivessem o poder, proibiam o livro.

Felizmente não o têm.

Não tenho medo da História – tenho medo é dos que a querem esconder, mascarar os factos, impedir os outros de saber e de falar.

Os comunistas protestam por terem sido silenciados por Salazar; mas o seu objetivo é (e sempre foi) esse mesmo: silenciar as vozes contrárias, impor um regime de censura, reescrever a História à sua maneira.

Não nos esqueçamos de que eles limpavam das fotografias os seus antigos companheiros de luta que caíam em desgraça, para não se saber que eles tinham participado nesses acontecimentos.

É esta a História que nós queremos?

Infelizmente há sempre uns ‘idiotas úteis’ dispostos a apoiar os comunistas no seu apetite censório.