BE vs CDS. “Não sei que famílias é que a Dra. Assunção Cristas conhece, as que eu conheço estão a pagar menos impostos”

Debate marcado por acusações de “aumentos de impostos”

As líderes do CDS e do Bloco de Esquerda encontraram-se esta terça-feira naquele que marca o segundo debate televisivo das legilativa de 2019, transmitido pela RTP3.

No arranque deste frente a frente, as líderes partidárias foram desafiadas a pronunciarem-se sobre o programa eleitoral adversário. Enquanto Assunção Cristas admitiu que não leu em detalhe o programa do BE e confessou que não encontrou pontos em comum entre ambos os partidos, Catarina Martins admitiu que leu o programa do CDS uma vez que gosta “de ler os vários programas”, admitindo que há uma medida onde os partidos se aproximam e atacando a líder do CDS.

“O CDS quer aumentar a licença da parentalidade. Em julho votou contra uma proposta do Bloco que previa aumentar a licença mas registo que esse aumento da licença da parentalidade faça parte do programa do CDS”, disse Catarina Martins.

A resposta de Assunção Cristas não tardou, defendo que também o BE chumbou “uma proposta do CDS sobre esta matéria. “Vejo um aumento da carga fiscal no programa do Bloco de Esquerda (…) O Estado apropriou-se da riqueza que as pessoas criaram”, atacou.

Catarina Martins não hesitou e continuou o confronto. “Não sei que famílias é que a dra. Assunção Cristas conhece mas as que eu conheço estão a pagar menos impostos”, disse, a líder do BE, defendendo que o CDS quer um"Portugal offshore” e que a "receita fiscal aumentou porque a economia está melhor", depois do "enorme aumento de impostos do Governo onde esteve a dra Assunção Cristas".

 “A Catarina Martins quer comparar tempo de normalidade com tempo de excecionalidade. Isso não é possível. Mas eu recordo-lhe que o aumento de impostos de Vítor Gaspar foi revogado pela carga fiscal máxima de Mário Centeno, do seu governo, do governo que o Bloco de Esquerda apoia. Essa conversa já passou e não tem a desculpa da excecionalidade nem da co-governação com a troika”, acusou a líder do CDS.

Catarina Martins recusou falar de impostos no geral, sem antes olhar para quem os paga e voltou a falar no passado do CDS.

“Não é verdade que no tempo do anterior governo não se pudesse ter escolhido descer impostos. Desceram nomeadamente o IRC. Também não é verdade que o programa que o CDS agora apresenta seja um programa de descida de impostos e o Bloco de aumento de impostos. O CDS tem esta forma de apresentar as coisas. Justiça fiscal é não só libertar os rendimentos mas olhar para o país. No tempo do governo PSD/CDS Paulo Núncio fez uma amnistia fiscal que permitiu a Salgado, Bava e Sócrates não só trazerem o dinheiro para Portugal sem pagarem impostos como lhes permitiu amnistia sobre os seus crimes. Temos de escolher de que lado estamos e no Bloco estamos do lado de quem trabalha”, disse a líder do BE.

Assunção Cristas defendeu-se e acusou o BE de querer fazer um debate de “superioridade moral”.

“O CDS é o único partido que olha para o território e que propõe um estatuto de benefício fiscal para o interior verdadeiramente diferente. E não é verdade, não houve nenhuma amnistia e tenho pena que o Bloco de Esquerda tenha sempre esta tendência de querer sempre fazer um debate de superioridade moral”, afirmou.

Esta foi a primeira vez que as duas lideres partidárias se encontraram num debate, uma vez que em 2015 a campanha eleitoral dos centristas foi protagonizada por Paulo Portas.

As eleições legislativas vão decorrer no dia 6 de outubro.