Balanço do primeiro dia de alerta vermelho

Ao início da noite de ontem havia cinco incêndios em curso e 622 operacionais no terreno, apoiados por treze meios aéreos. MAI faz aditamento ao despacho de situação de alerta vermelho, para reforçar capacidade de resposta.

Bragança, Leiria, Guarda e Vila Real. Ontem ao final do dia – o primeiro de um período de alerta declarado pelo Governo – eram ainda vários os distritos com incêndios florestais ativos. Um dos que inspirou mais cuidados foi em Alvaiázere, Leiria. Os outros foram os dos concelhos de Fornos de Algodres e Sabugal, na Guarda.

Já tudo fazia prever que o dia de ontem seria complicado, com mais de 40 concelhos dos distritos de Leiria, Guarda, Beja, Faro, Portalegre, Santarém, Castelo Branco, Coimbra e Viseu em risco máximo de incêndio, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) – havendo vários outros concelhos com risco elevado e muito elevado.

No total, ontem às 20h havia cinco incêndios em curso, que mobilizavam 622 bombeiros, 179 viaturas e 13 meios aéreos. Além disso, estavam em fase de conclusão ou resolução 30 fogos, combatidos por mais de 470 bombeiros 144 viaturas e um meio aéreo.

 

Vários incêndios com alguma dimensão ativos

Em Alvaiázere, ao final do dia de ontem estavam ainda a combater as chamas perto de 350 bombeiros, apoiados por mais de uma centena de viaturas e dez meios aéreos. O alerta para este incêndio, que começou numa zona de mato foi dado perto das 16h20 e uma hora depois já ameaçava uma quinta. Perto das 19h, segundo a SIC, havia já outras habitações em risco.

Já no caso dos incêndios que lavravam no distrito da Guarda, ao final do dia apenas se encontrava ativo o de Fornos de Algodres – com 134 homens no terreno, apoiados por 42 viaturas –, sendo que o da Aldeia de Santo António/Sabugal estava já em fase de resolução – contava ainda assim com 116 bombeiros e 33 viaturas.

Apesar de ainda estar ativo às 20h, perto das 18h30, o vereador da Câmara Municipal de Fornos de Algodres Bruno Costa, que tem o pelouro das florestas – disse à Lusa que “90% do fogo [de Fornos de Algodres estava] controladíssimo”.

Em Vila Real estavam ainda ativos ao início da noite dois incêndios com alguma dimensão: um em Peso da Régua, combatido por 81 bombeiros, 23 viaturas e um meio aéreo; outro Valpaços (Tinhela e Alvarelhos), que além de 40 homens e seis viaturas contava com dois meios aéreos. Outros dois meios aéreos ajudaram até às 19h30 num incêndio em Borbela e Lamas de Olo, também em Vila Real, que à hora de fecho desta edição estava já em fase de resolução.

 

13 distritos do continente em alerta vermelho

Na terça-feira, o ministro da Administração Interna e o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural tinham decretado situação de alerta devido ao risco de incêndio elevado entre as 00h de quarta-feira e as as 23h59 do próximo domingo.

Segundo anunciado pelo Governo, a decisão resultou do “comunicado técnico-operacional da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) que determina a passagem ao Estado de Alerta Especial nível Vermelho do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais nos distritos de Aveiro, Braga, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria, Portalegre, Porto, Santarém, Viana do Castelo, Vila Real e Viseu”.

Além disso, Évora, Lisboa e Setúbal juntaram-se ontem a Beja e Faro no alerta laranja.

Estes alertas pressupõem uma maior e mais rápida capacidade de resposta por parte da GNR e PSP, um reforço dos meios de vigilância e fiscalização, a proibição de queimadas, de fogo de artifício e a dispensa de trabalhadores do setor público e privado que sejam bombeiros voluntários, entre outras medidas, nomeadamente uma solicitação à Força Aérea de meios de forma preventiva.

E ontem, o Ministério da Administração Interna fez um aditamento ao despacho de Situação de Alerta Especial de Nível Vermelho, em que se definia um reforço dos meios, nomeadamente o “aumento do grau de prontidão e mobilização de equipas de emergência médica, saúde pública e apoio psicossocial, pelas entidades competentes das áreas da saúde e da segurança social” e o aumento “do nível de prontidão das equipas de resposta das entidades com especial dever de cooperação nas áreas das comunicações […] e energia”.

Deixava-se ainda claro que o despacho “obriga todos os cidadãos e demais entidades privadas, na área abrangida, a prestar às autoridades de proteção civil a colaboração pessoal que lhes for requerida, respeitando as ordens e orientações que lhes forem dirigidas e correspondendo às respetivas solicitações”.

 

Eduardo Cabrita garante que sistema está preparado

Ontem de manhã, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, deixou claro que o sistema de combate a incêndios está preparado para fazer face às condições adversas que se vão sentir até domingo, nomeadamente “as elevadas temperaturas, vento seco de leste e baixa humidade do ar” que são “propícias para a ocorrência de incêndios rurais”. O dispositivo “está preparado nos meios máximos”, afirmou. O ministro frisou que 85 patrulhas e 170 efetivos vão reforçar áreas de risco, sendo que a partir de hoje a vigilância contará com um helicóptero da Força Aérea. O governante anunciou ainda o envio de quatro milhões de SMS para a população dos distritos onde o risco de incêndio é maior e alertou para a importância de os cidadãos adotarem medidas de segurança. Lembrou ainda que quem fizer queimadas ou desrespeitar outras proibições pode incorrer num crime de desobediência.