Qual o melhor método de ensino?

E se por cá há quem comece a apostar nas alternativas ao sistema de ensino dito tradicional, lá fora essa é uma prática comum há muitos anos. Do Oriente ao Ocidente, são vários os países que apostam na independência e na especialização dos alunos

Um desses exemplos é Singapura, que ficou no primeiro lugar do ranking do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), promovido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Este país tem um método de ensino tão próprio, que já é conhecido na Europa e na América como o ‘Método de Singapura’. Este consiste em usar objetivos reais para ensinar matemáticas. Nas aulas, são usados objetos, fotografias e símbolos para exemplificar problemas. Ou seja, a matemática é aplicada à realidade.

Além disso, os professores ensinam menos tópicos, mas de uma forma mais aprofundada. Todas as crianças estudam ao mesmo tempo os mesmos temas, uma vez que os professores esperam que os alunos com mais dificuldades consigam compreender uma matéria específica para avançar para o ponto seguinte.

Fora da escola, os pais são incentivados a falar com os filhos sobre matemática e a pedir-lhes que expliquem como chegaram a determinada solução, qual o processo que usaram para chegar lá, quais os erros que encontraram pelo caminho e quais as aplicações práticas desse problema no dia-a-dia. Ou seja, o que é feito na sala de aula deve continuar a ser feito em casa.

Este método mostrou ser de tal forma eficaz que várias figuras mediáticas estão a usá-lo na educação dos filhos. Jeff Bezos, fundador da Amazon e um dos homens mais ricos do mundo, é uma delas.

Mas apesar de liderar o ranking do PISA, o sistema de ensino implementado em Singapura não é o mais conhecido. Esse lugar vai para a Finlândia, que desde os anos 80 que tenta criar o melhor ensino do mundo.

E como é isso feito? Através de medidas inovadoras que quebram com aquilo que consideramos o ensino tradicional. Por exemplo, as crianças finlandesas não são avaliadas com testes no final do ano. São realizadas (poucas) provas ao longo do período de aulas, mas a nota final é dada com base no progresso dos alunos. Além disso, não existem rankings das escolas e os professores não são avaliados.

 

Poucas horas de aulas

Mas o que deixa mais pessoas espantadas com o ensino na Finlândia, que ocupa o 8.º lugar do ranking do PISA, são os horários: os alunos finlandeses começam as aulas entre as 09h00 e as 09h45 e terminam o horário escolar entre as 14h00 e as 14h45. Normalmente, só são lecionadas duas disciplinas por dia e os alunos têm vários intervalos de 20 minutos para poderem descansar e brincar. Além disso, são o país com menor carga de trabalhos de casa. De acordo com os dados da OCDE, estas crianças passam apenas meia hora da sua tarde a realizar tarefas escolares, pois tudo o que precisam de fazer para aprender as matérias lecionadas é desenvolvido na escola.

Existem outros sistemas de ensino que aparecem na lista do PISA e que não são tão falados. É o caso da Estónia, que está no 5.º lugar do ranking. Desde os anos 90, após a saída da União Soviética, que os estónios tentam aperfeiçoar o seu sistema de ensino, inspirando-se no modelo finlandês sem copiar os seus conceitos básicos. Tal como na Finlândia, os alunos passam pouco tempo no estabelecimento de ensino – apenas 24,5 horas por semana, um dos números mais baixos dos países da OCDE. E tudo é gratuito: manuais, almoços, transporte e até algumas atividades extracurriculares.

O ensino estónio está muito virado para as ciências para a informática – o uso do telemóvel durante as aulas não é proibido, já que este é visto como uma ferramenta muito útil para determinadas disciplinas, desde que utilizado da forma correta –, mas há uma aposta cada vez maior nas disciplinas mais básicas: o currículo escolar inclui lições de cozinha, costura e outros trabalhos manuais, por exemplo.

O Japão, que ocupa a terceira posição do ranking, também usa um método inovador. Tal como em Singapura, os professores japoneses defendem que os problemas matemáticos têm de ser adotados ao dia-a-dia e fomentam a discussão em torno da forma como se chegou à solução. As características individuais são vistas como algo benéfico para as aulas como um todo, já que promovem uma série de métodos diferentes, contribuindo assim para uma maior e melhor discussão sobre determinado tema.

Além disso, ter dificuldades em resolver um problema não é visto como algo mau. Os professores encorajam os alunos a resolver os problemas mais difíceis e a passarem um largo período de tempo a decifrá-los. É muito raro um professor mostrar a um aluno como se resolve um problema a meio da aula. Assim, a frustração é vista como uma parte natural do processo de aprendizagem.

Taiwan é outro exemplo. Neste país, que está no sexto lugar do ranking, as crianças desde muito cedo aprendem uma série de disciplinas – desde línguas estrangeiras aos estudos sociais, passando pela música, a arte, as ciências e até economia do lar, os alunos taiwaneses têm um horário muito exigente desde o primeiro ano de escolaridade.

Um dos aspetos mais curiosos deste ensino é a presença de militares na escola. A partir do secundário, os militares são responsáveis pelo bom ambiente nos estabelecimentos escolares. Além das disciplinas normais, os alunos são obrigados a ter educação militar, que inclui cadeiras de defesa pessoal e de estratégia. Tanto os rapazes como as raparigas são ensinados a manusear armas e a atirar granadas.