Rio. “Maiorias absolutas não são facilitadoras de reformas estruturais”

Presidente do PSD diz que oposição tende a ser menos colaborante.

A menos de um mês das eleições legislativas, o presidente do PSD, o maior partido de oposição, reconheceu que o lugar de deputado não é um cargo que o entusiasme particularmente, e que as verdadeiras reformas estruturais de um país podem ser alcançadas sem maioria absoluta. Mais, “ao contrário do que possa parecer, para reformas estruturais eu acho que as maiorias absolutas não são positivas, não são facilitadoras de reformas estruturais alargadas”, declarou Rui Rio numa entrevista concedida à agência Lusa.

Para o líder do principal partido da oposição, o seu raciocínio resulta da convicção de que a  “oposição muitas vezes tende a estar sempre contra, sempre contra, a colaboração é menor” quando existe um partido no poder com maioria absoluta.

Assim, sem a maioria absoluta de um só partido, existem maiores condições para “haver maior colaboração e abre-se mais a porta para questões de ordem estrutural”.

Rio elegeu quatro áreas onde é necessário acordos alargados – por escrito -, a saber: justiça, sistema político, segurança social, e a descentralização.

O discurso do PSD não será focado no combate a uma eventual maioria absoluta do PS, mas na luta pela vitória dos sociais-democratas e o PSD está a preparar a campanha oficial a pensar no eleitorado considerado ao centro e que está indeciso em ir votar no dia 6 de outubro.

De realçar que o PS tem feito o discurso de apelar ao maior número de votos nos socialistas, Costa já pediu, de forma indireta, uma maioria absoluta para o seu partido nas eleições de 6 de outubro, mas recentemente, falou da má memória dos portugueses em relação a maiorias absolutas. Na SIC, no passado dia 4 de setembro, António Costa acabou, contudo, por acrescentar que as legislativas “não são um referendo entre o sim ou o não às maiorias absolutas”.

De realçar que o discurso à esquerda do PS se centrou no combate à ideia de uma maioria absoluta dos socialistas, com a introdução da ideia de partido de contas certas (caso do Bloco de Esquerda).

Tanto Costa como Rio já admitiram abertura para acordos sobre matérias estruturais, mas ambos parecem alinhados na ideia de recusar qualquer hipótese de um bloco central (Governo entre PS e PSD). O primeiro-ministro considerou mesmo que seria uma solução “contranatura”.