Acusada de matar namorado à facada por este dar os parabéns a uma amiga diz que foi acidente

Mulher alega ainda que sofria de violência doméstica por parte do companheiro

Uma jovem de 23 anos acusada de matar à facada o companheiro em Fafe, em outubro de 2017, alegou esta segunda-feira, no Tribunal de Guimarães, que se tratou de um acidente, numa altura em que os dois se empurravam mutuamente.

No início do julgamento, num testemunho emocionado, a arguida começou por dizer que nem sequer se apercebeu que o companheiro tinha sido atingido pela faca, escreve a agência Lusa.

A mulher alega ainda que, após ouvir o namorado pedir socorro, ligou imediatamente para o INEM. Ao mesmo tempo, de acordo com as orientações que lhe iam sendo dadas, foi-lhe ministrando primeiros socorros.

De acordo com a mesma agência noticiosa, a arguida referiu ainda que depois de uma discussão pegou numa faca de cozinha para furar os pneus do carro do companheiro. No entanto, não conseguiu concretizar a sua intenção por “falta de coragem”.

Ao regressar a casa, ainda com a faca na mão, o companheiro tentou impedi-la de entrar e os dois terão ficado a empurrar-se mutuamente.

"Ele largou-me de repente, eu entrei, pousei a faca no sítio dos talheres lavados e ia-me vestir, quando ele começou a gritar a pedir ajuda", relatou, dizendo que aí se apercebeu que a vítima tinha um corte “na zona do peito”.

O homem acabaria por morrer, já no hospital, no dia seguinte.

A mulher está acusada pelo Ministério Público (MP) de homicídio qualificado e de violência doméstica agravada.

De acordo com um despacho de 19 de junho, a mulher residia com o companheiro, em união de facto, desde março de 2016 e a relação sempre foi “conturbada por ser a arguida possessiva, controladora, manipuladora e obcecada pela vítima”.

O casal residia em Fafe e, durante o período de namoro, a alegada criminosa vigiou o Facebook e o Instagram da vítima, controlando o telemóvel da mesma e insultando-a, inclusivamente, através de mensagens de telemóvel. Sublinhe-se que a jovem “socou, arranhou, encetou discussões em locais públicos por motivos de ciúmes e enviou-lhe [ao então namorado] mensagens de forma insistente para o telemóvel, a qualquer hora do dia ou da noite, como forma de pressão psicológica”, como é possível ler numa nota publicada no site oficial da Procuradoria-Geral Distrital do Porto (PGDP).

Na madrugada do dia 17 de outubro de 2017, devido ao facto de o companheiro ter congratulado uma amiga no Facebook e pretender abandonar a residência, a suspeita, pelas 04h15, “com uma faca que trouxera da cozinha, desferiu-lhe um golpe no pescoço, matando-o”.

A acusação é agora completamente refutada pela arguida, que alega que as discussões começaram por ser por dinheiro e, posteriormente, por ciúmes do namorado.

A mulher disse ainda que nunca bateu no companheiro e que era este quem lhe batia. "Eu apenas me defendia", declarou, referindo que só acedeu ao telemóvel do companheiro a noite dos factos.

Foi a ver uma mensagem de parabéns que a vítima a enviara à ex-namorada que a mulher alega que terá ficado agastada. Nessa altura, alega a arguida que decidiu sair de casa, tendo-se então gerado uma nova discussão e que acabaria com a facada fatal.