Novas informações sobre o caso de Steve Maio Caniço, lusodescendente que morreu afogado em França

A polícia tem tentado afastar a hipótese da sua intervenção ter influenciado a morte do jovem de 24 anos.

Existem novidades no caso do lusodescendente que morreu afogado no rio Loire, em França, Steve Maia Caniço. Recorde-se que o jovem de 24 anos morreu afogado, num festival de música eletrónica, em Nantes, durante a madrugada do dia 22 de junho.

A polícia interveio nessa mesma noite e, segundo alguns dos presentes, causou o pânico entre a população. A família de Steve Maia Caniço culpabiliza a intervenção policial pela morte do jovem, no entanto, as autoridades tem tentado afastar ao máximo esta hipótese, declarando que o jovem caiu ao rio antes da polícia aparecer. 

Segundo avançou o jornal francês, Canard Enchâine, o telemóvel do jovem foi utilizado às 04h33 da madrugada, uma hora depois da noticiada pelas autoridades. Esta nova informação prova que o telemóvel estava a ser utilizado durante a intervenção da polícia e que só depois das autoridades aparecerem no festival de música é que o telemóvel e, provavavelmente, Steve Maia Caniço caíram ao rio. 

O primeiro-ministro, Édouard Philippe, anunciou no fim de julho que um relatório da Inspeção Geral da Polícia Nacional, mostra que "não havia qualquer ligação" entre a morte de Steve Maia Caniço por afogamento e a intervenção policial no lugar onde este se encontrava.

No entanto, a sua família e amigos não parecem concordar com o Governo francês. A advogada da família, Cécile De Oliveira defende que a polícia não deveria ter agido daquela forma. Também alguns dos amigos do jovem presentes na festa sublinham que o aparecimento das autoridades gerou o pânico entre as pessoas que se encontravam no local e garantem que os polícias utilizaram gás lacrimogéneo e força excessiva. 

Apesar de o lusodescendente ter sido a única vítima mortal, várias pessoas caíram ao rio e terão sofrido ferimentos. Existem 84 processos paralelos ao de Steve Maia Caniço a decorrer e a tentar provar a má atuação das autoridades.

A advogada defende que será durante o processo de instrução, que decorre no Tribunal de Rennes, que pode demorar até dois anos, que poderá ser “declarada ou não a ligação da polícia com a morte de Steve".

Até ao final desta semana, é esperado que seja partilhado um novo relatório da Inspeção Geral da Administração, que controla o Ministério do Interior, onde seja revelado se a intervenção da polícia naquela noite, no cais onde decorria a festa em Nantes, foi ou não justificada.

"Esse relatório vai mostrar se a administração funcionou bem nesta situação, mas será a instrução do processo a designar as responsabilidades na morte de Steve", disse ainda Cécile De Oliveira.