Rui Rio vs Jerónimo de Sousa. “Há sempre dinheiro para os bancos e para os banqueiros mas levanta-se sempre dificuldades para aumentar o salário mínimo nacional”

 As horas semanais laborais, as desigualdades salariais, o SNS e o abono familiar foram alguns dos temas que estiveram em cima da mesa.

Os líderes do PSD e do PCP, Rui Rio e Jerónimo de Sousa, debateram várias ideias, esta noite, na RTP1, onde concordaram em vários pontos e divergiram em tantos outros. As horas semanais laborais, as desigualdades salariais, o SNS e o abono familiar foram alguns dos temas que estiveram em cima da mesa.

O debate começou com Rio a explicar que gosta de "liderar um partido para ganhar eleições" e a deixar no ar se, caso não ganhe as legislativas, irá exercer ou não o cargo de deputado."Vai depender do futuro do partido", respondeu. "Eu não quero ser deputado, quero ser primeiro-ministro", rematou.

Já Jerónimo de Sousa parece convicto sobre a sua presença no Parlamento e diz querer manter "o empenhamento e a convicção" de levar os "sentimentos e aspirações dos trabalhadores" para aquele que é o "lugar de excelência para o debate político, para encontrar soluções legislativas" para os problemas da população.

Rio Rio e o líder do PCP concordaram em vários pontos, como na diminuição do horário de trabalho semanal no setor privado e que este deveria passar a ser de 35 horas, como funciona no setor público. O porta-voz do PSD sublinha ainda que "agora é impossível" criar esta rede, mas que o partido pretende "lutar para que o crescimento e o desenvolvimento económico" do país o permitam. Já Jerónimo de Sousa acredita que este é o momento de diminuir a carga horária dos trabalhadores e que contradizer esta medida é "uma visão meramente economicista, do lucro a qualquer preço".

Tanto Rui Rio como Jerónimo de Sousa concordam também que deve haver uma rede nacional de creches, mas, mais uma vez, discordaram num ponto: enquanto que o líder do PSD defende que esta deve incluir tanto o setor privado como o social, Jerónimo de Sousa apoia que esta deveria ser completamente pública. 

As desigualdades salariais e o aumento do salário mínimo foi outro dos pontos de debate entre os políticos. Apesar de ambos concordarem que o salário mínimo deveria ser aumentado, Jerónimo de Sousa defende um aumento para 850 euros e Rui Rio para 700 euros.

"Nós temos o mesmo objetivo, pagar melhores salários e sabemos que 600 euros é insuficiente para se viver. Não podemos aumentar os salários que não são comportáveis para as empresas, porque vão à falência e é pior a emenda que o soneto", declarou o líder do PSD. "Temos de criar condições para pagar salários mais altos. Uma economia mais competitiva, como a Alemanha, para poder pagar salários mais elevados. Podemos forçar um bocadinho, mas não isso tudo que o PCP quer", acrescentou. 

A questão do abono de família volta a dividir os políticos. Enquanto Jerónimo de Sousa defende que "o abono de família deve ser para todas as crianças sem qualquer discriminação", Rio considera que apenas as pessoas mais carenciadas deveriam ter acesso e as famílias que pretendem alargar o agregado familiar. 

Durante o debate, foi perguntado a ambos os líderes, se o país está numa altura em que consegue oferecer à população prestações sociais mais generosas. Rio defende que em 2021 existe a possibilidade de existir uma maior folga orçamental, mas, em 2019 o país não tem essa possibilidade, algo que vai contra a opinião do líder do CDU. "Há sempre dinheiro para os bancos e para os banqueiros. Quanto milhares de milhões já foram para o Novo Banco? Mas levanta-se sempre dificuldades para aumentar o salário mínimo nacional ou por causa do abono de família, aumento de reformas", rematou. 

Rio e Jerónimo concordaram na defesa da melhoria do Serviço Nacional de Saúde mas através de caminhos diferentes. O PCP defende que o SNS deve manter-se público e um direito de todos, o PSD entende que o SNS "tem que continuar a ser público" mas a funcionar num sistema em que "o privado e o social têm um papel" a desempenhar.

Quando questionado sobre uma possível parceria com o PS, como foi sugerido pelo seu partido há quatro anos, Jerónimo de Sousa diz que a resposta está nos portugueses. "Os portugueses é que vão decidir da arrumação de forças da Assembleia da República. São eleições para eleger deputados, não são para eleger nenhum primeiro-ministro e em conformidade com essa arrumação de forças sairão resultados" concluiu.