Portugal. Carros amigos do ambiente permitem poupança de milhares de milhões de euros

Dados de um estudo da APETRO

A frota de veículos ligeiros de passageiros vai mudar, com os carros elétricos a ‘tomarem conta’ de uma parte considerável do mercado. Essa mudança trará poupanças de milhares de milhões de euros para os consumidores, refere o estudo ‘A road to emission reductions in Portugal 2030’, apresentado esta segunda-feira.

O estudo, realizado pela consultora KPMG Espanha a pedido da APETRO – Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas, mostra que, em 2016, a maioria dos carros existentes em Portugal eram movidos a gasóleo e gasolina. No entanto, em 2030, a preferência será dividida entre elétrica, gasolina e híbrida.

Em relação aos transportes públicos, a frota será renovada quase por completo, com os autocarros elétricos a preencherem 22% da quota de mercado. Quanto ao transporte rodoviário de mercadoria, em 2030, todos os veículos já terão sido substituídos por outros elétricos.

“As medidas de redução analisadas no setor do transporte rodoviário irão permitir aos consumidores poupar 2,6 mil milhões de euros. No entanto, parte dessa poupança (2 mil milhões) irá corresponder a poupanças de caráter fiscal (menos impostos cobrados pelo Estado)”, refere o documento.

O estudo analisa a evolução das emissões de dióxido de carbono e as formas como Portugal pode conter, de forma económica, este problema. No entanto, é criado também um cenário alternativo que “revê uma transição menos onerosa, substituindo a penetração de veículos por um cenário mais prudente e com base no cenário de referência da UE”. “Com a alteração de uma penetração tecnológica diferente para um cenário mais prudente com base no cenário de referência da UE, a poupança total de todos os setores do transporte rodoviário ascende a mais de 9 mil milhões de euros”, explica o estudo.

Por tudo isto, é expectável que a procura de petróleo diminua drasticamente: “A procura final de petróleo no setor dos transportes deverá diminuir em 40% em resultado dos ganhos na eficiência dos veículos e da entrada de novas tecnologias”.

“Não haverá crise de abastecimento” Em declarações aos jornalistas à margem da apresentação do estudo, o secretário-geral da APETRO, António Comprido, assegurou não existirá uma crise de abastecimento de combustíveis. Esta declaração surge na sequência do corte na produção de petróleo na Arábia Saudita.

“Não vai haver nenhuma tragédia em termos de subida do preço dos combustíveis”, referiu o responsável, explicando que, caso haja um ajustamento de preço, este será “na ordem daquilo a que estamos habituados no dia a dia nas subidas e descidas semanais”.

“Queremos acreditar que ela [a situação de corte na produção na Arábia Saudita] não será muito duradoura e que se irá esbater ao longo dos próximos dias”, referiu António Comprido.

Recorde-se que o fornecimento de petróleo da Arábia Saudita, o maior exportador mundial, sofreu um corte para metade, depois de duas refinarias da empresa Aramco terem sido alvo de um ataque, que foi reivindicado pelos rebeldes iemenitas Huthis, apoiados politicamente pelo Irão.