Altice. Compra da TVI pela Cofina representa perda de 200 milhões

Alexandre Fonseca garante que Portugal está a perder milhões de euros com atrasos na tecnologia 5G e responsabiliza Anacom. 

O presidente da Altice Portugal garante que vai estar atento à compra da Media Capital pela Cofina, mas promete não “estorvar”. No entanto, como cidadão admite que está “triste por o país perder 200 milhões de euros” no mesmo negócio. “É muito dinheiro. Não podemos dar-nos ao luxo de perder 200 milhões de euros só porque alguma entidade não teve capacidade de esse pronunciar”, garantiu ontem Alexandre Fonseca, num encontro com jornalistas. “É uma convergência aparentemente estritamente no setor dos media e aí não somos um player ativo ainda, pelo menos de relevo”, referiu o CEO da operadora, mostrando-se interessado e disponível em entrar no negócio dos media em Portugal. 

Alexandre Fonseca lamentou ainda o desfecho da sua operação, considerando que “o projeto não foi compreendido”, o que levou a retirar a oferta passado um ano.

Recorde-se que, a Altice ofereceu pela dona da TVI 440 milhões de euros, mas durante dois anos esbarrou na demora das autorizações necessárias da Concorrência e de outras entidades reguladoras. Agora a Cofina deverá comprar a Media Capital por 255 milhões de euros. 

Aponta dedo a regulador

O presidente da Altice Portugal continua a não poupar críticas à atuação da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) e da falta de prazos estipulados pelo regulador no que diz respeito à implementação do 5G em Portugal. Alexandre Fonseca não tem dúvidas: Portugal perde milhões de euros com os atrasos nesta tecnologia. 
“Estamos a perder em inovação, há projetos a passar ao lado de Portugal. Estamos a perder dezenas de milhões de euros por ano”, afirmou, no mesmo encontro.

E o CEO da operadora deixou ainda uma garantia: “Trabalho na indústria há 20 anos e é a primeira vez que vejo uma situação destas. Está toda a gente insatisfeita, Governo, players, indústria, e tem impactos decisivos para o país”.

Em relação ao investimento que será necessário gastar, Alexandre Fonseca aponta para os mil milhões de euros. Este foi o valor investido nos leilões das licenças em 4G e também tem em conta o que se passou em Itália: gastou seis mil milhões, mas é um país com maiores dimensões. No entanto, lembra que o montante dependerá sempre da lógica defendida pelas autoridades.

“Será uma lógica de fazer dinheiro [com a venda das licenças] ou será de baixar o preço de arranque mas de permitir um conjunto de obrigações de cobertura, de permitir o desenvolvimento de economias regionais”, questionou.

Para o responsável, o ideal era que as licenças tenham um preço razoável para que os operadores fiquem com margem de manobra para investir. “Se as licenças tiverem preço razoável vamos investir em cobertura, vias rápidas, ferrovia, zonas do país que hoje não têm cobertura”, acrescentou. E deu como exemplo, a existência de 1,5% da população que ainda não tem capacidade para fazer sequer uma chamada de telemóvel.