Rui Pinto vai continuar na prisão depois de ter sido acusado de tentativa de extorsão

O pirata informático, que é também suspeito de piratear o Benfica, estava em prisão preventiva desde o passado dia 22 de março

Rui Pinto, conhecido hacker, foi esta quinta-feira acusado pelo Ministério Público (MP) de 75 crimes de acesso ilegítimo, um crime de sabotagem informática e 70 crimes de violação de correspondência, sendo sete destes agravados no caso da Doyen Sports. Além disso, Rui Pinto e Aníbal Pinto, advogado que intermediou as conversações com o fundo, foram acusados de tentativa de extorsão em coautoria.

O MP quer assim levar a julgamento o informático também conhecido por ter partilhado os emails do Benfica e ser suspeito de estar por trás das denúncias do Football Leaks. Rui Pinto foi notificado da acusação na prisão anexa à Polícia Judiciária de Lisboa, onde está detido preventivamente desde o dia 22 de março deste ano. Caso não fosse acusado até este domingo pelo Ministério Público, Rui Pinto teria de ser libertado. Assim, permanecerá em prisão preventiva.

Para além do hacker, também o seu antigo advogado, Aníbal Pinto, foi acusado pelo Ministério Público. O advogado foi quem intermediou as conversações entre Rui Pinto e o fundo de investimento Doyen Sports, com vista ao pedido de uma verba a rondar o meio milhão de euros em troca da não divulgação de informação comprometedora relativa àquela empresa.

O advogado já reagiu à acusação do MP, garantindo não estar surpreendido e a sua inocência: “Reajo com uma certa naturalidade, depois de o Ministério Público me constituir arguido sem sequer me ter ouvido. Esta acusação, por isso, não me surpreende. Ainda não conheço os termos da acusação, mas tenho a dizer que fiquei muito incomodado. Quanto a Rui Pinto, não tenho nada a dizer. Nunca cometi qualquer crime e espero que nunca venha a cometer. Estou tranquilo”. Acrescenta ainda ter agido “na qualidade de advogado, pelos interesses” daquele que, na altura, era seu cliente. 

Recorde-se que Rui Pinto foi detido na Hungria, onde morava na capital, Budapeste, no passado mês de janeiro. Com base num mandado de detenção europeu, foi entregue às autoridades portuguesas, indiciado dos crimes de violação de segredo, ofensa a pessoa coletiva, acesso ilegítimo e extorsão na forma tentada. Agora foi acusado pelo Ministério Público por estes dois últimos crimes.

Contudo, é de notar que o hacker apenas poderá ser julgado no caso da Doyen, pois na base do mandado de detenção europeu estavam os acessos ilegítimos aos sistemas informáticos do Sporting e da Doyen Sports, fundo com o qual o clube de Alvalade ainda mantém relações. Após esse acesso ilegal, Rui Pinto divulgou publicamente documentos confidenciais de ambas as partes, tais como contratos de futebolistas dos leões e do antigo treinador do Sporting e do Benfica Jorge Jesus. Além destes, divulgou ainda outros contratos existentes entre o fundo de investimento e outros clubes de futebol.

Por seu turno, o antigo advogado do hacker foi constituído arguido no final do mês de março de 2019 no âmbito do processo de investigação realizado a Rui Pinto. Contudo, garantiu nunca mais ter falado ou ter tido qualquer tipo de contacto com Rui Pinto desde que este deixou de ser seu cliente.

Recorde-se que o caso se deu em setembro de 2015, quando o hacker entrou no sistema informático da Doyen e acedeu ao endereço de correio eletrónico de representantes do clube de Alvalade. Rui Pinto chegou inclusive a admitir ser uma das fontes do Football Leaks, conhecido por denunciar casos de corrupção e fraude fiscal no futebol.

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