Tancos. Azeredo Lopes suspeito de “exercício preverso” de funções

Acusação do caso do roubo de armas será conhecido esta semana, em plena campanha eleitoral

O Ministério Público acredita que Azeredo Lopes desempenhou um “exercício perverso de funções públicas” enquanto ministro da Defesa, no âmbito da recuperação das armas de Tancos. Para os investigadores, o antigo ministro sabia de toda a encenação levada a cabo pela PJM e terá tentado tirar louros  políticos aquando da alegada recuperação das armas.

Como o semanário SOL revelou na edição deste fim de semana, o Departamento Central de Investigação e Ação Penal já concluiu a acusação ao caso do assalto aos paióis de Tancos e ao achamento das armas na Chamusca, Santarém. O SOL revelou que a divulgação do despacho de acusação estaria por dias, devendo mesmo ser conhecido esta semana, em plena campanha eleitoral. 

Relembre-se que o roubo de armas remonta a julho de 2017 e que o achamento das armas, com contornos estranhos, se deu em outubro do mesmo ano, na Chamusca. 

Caso a acusação seja proferida nos próximos dias, será mais um dossier sensível para o primeiro ministro, António Costa, que surge poucos dias após a mega operação ao caso das golas inflamáveis.

O benefício político Segundo o MP, Azeredo Lopes ter-se-á aproveitado  da situação à volta do caso Tancos para tirar benefício político, bem como do Governo em geral. De notar que o anúncio da recuperação das armas na Chamusca foi feito três dias depois da grande vaga de incêndios mortais que assolaram a zona centro do país. 

Azeredo foi constituído arguido no verão e desde o primeiro momento António Costa disse ter “total confiança” no antigo ministro.

Nessa altura, Azeredo Lopes passou a estar na lista de suspeitos, indiciado por denegação de justiça e prevaricação. A acusação considerará que  este terá ocultado o que sabia sobre o caso, prejudicando a investigação e impedindo a responsabilização criminal. Azeredo Lopes  não terá dito ter conhecimento desta encenação por parte da Polícia Judiciária Militar (PJM) para recuperar o material roubado, bem como não terá informado a Polícia Judiciária.

Na base deste processo-crime estão suspeitas de associação criminosa, terrorismo no furto do armamento e ainda tráfico de armas. No seguimento deste processo foram detidas nove pessoas a 25 de setembro de 2018, dos quais faziam parte oito militares do exército e da GNR. O caso tem um total de 25 arguidos. Recorde-se que o prazo para a dedução da acusação do caso termina esta sexta-feira, dado que ainda existe um arguido preso – João Paulino, o homem que liderou o assalto a Tancos.