Médicos tarefeiros custaram ao Estado mais de 100 milhões de euros

Estes profissionais, sem especialidade, são pagos à hora e não há registo dos seus tempos de descanso.

No ano passado, o Ministério da Saúde gastou cerca de 105,3 milhões de euros com médicos tarefeiros, a trabalhar nos serviços de urgência dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS). No total, o Estado pagou 2,42 milhões de horas contratadas a médicos prestadores de serviços.

No ano de 2018 foram contratados mais três mil trabalhadores do que em 2017 – a maioria deles enfermeiros. Também a despesa com médicos contratados a empresas cresceu 7,3%, ou seja, foram gastos nesta área 7,1 milhões de euros, de acordo com o relatório social do Ministério da Saúde e SNS, a que o SOL teve acesso.

A maioria dos trabalhadores contratados situa-se na região de Lisboa e Vale do Tejo (35%), seguindo-se o norte de Portugal (25%), o centro (15%). Os restantes 25% estão espalhados entre o Algarve e o Alentejo.

Embora o documento revele que o número de trabalhadores contratados em 2018 seja o maior de sempre, cerca de mil são médicos tarefeiros, ou seja, não têm formação especializada. A esta questão acresce o facto de não existir informação sobre o tempo de descanso deste profissionais, algo que é criticado pela Ordem dos Médicos (OM).

A ministra da Saúde, Marta Temido, descreveu esta questão como “o cancro do SNS”, em entrevista ao jornal Expresso. Em agosto, reconheceu ter falhado nesta questão.