Marcelo na ONU. “Ninguém é uma ilha, ninguém consegue sozinho, ou com alguns aliados, enfrentar problemas globais”

O Presidente discursou na  74.ª Assembleia Geral das Nações Unidas

Marcelo Rebelo de Sousa discursou na  74.ª Assembleia Geral das Nações Unidas nesta terça-feira, onde apelou à união das nações e sublinhou a importancia de acabar com o raciscmo e a xenofobia. "Não vamos repetir os mesmos erros de há 100 anos”, disse o Presidente da República durante o seu discurso. 

“Vale a pena recordar que há 100 anos nasceu a Liga das Nações. Uma iniciativa de um presidente americano, Woodrow Wilson, que viu o Congresso rejeitar a ratificação do Tratado com base em posições isolacionistas. Os Estados Unidos, que tinham sido o povo de arranque de uma nova ordem internacional, acabavam por não entrar na nova organização. Ao mesmo tempo a União das Repúblicas Soviéticas não queria integrar a Liga das Nações invocando razoes ideológicas”, relembrou o Presidente da República sobre o projeto embrionário da ONU. “A Liga das Nações nunca recuperou do não empenhamento dessas duas potências”, seguiu Marcelo, completando: “Sabemos onde foi parar o mundo. Precisamente 20 anos depois começava a Segunda Guerra Mundial”.

O Presidente disse ainda que "devemos parar um minuto para retirar as lições desse passado próximo”. "Vale a pena pensar que tem sentido lutar por mais direitos internacionais para reger as relações entre povos e estados. Vale a pena lutar por organizações internacionais que ajudem problemas que são de todos, e não só de alguns estados. Vale a pena lutar por um papel político, e não apenas técnico, dessas organizações. Vale a pena lutar por uma visão multilateral de todos, a começar nos que se consideram mais poderosos, porque ninguém é uma ilha, ninguém consegue sozinho, ou com alguns aliados, enfrentar problemas globais", continuou. 

Na visão de Marcelo é importante acabar com o "isolacionismo" e "resistir à tentação de olhar para o nosso ego, o nosso poder". Ao falar de Portugal e dos portugueses, o Presidente apelidou o país de "migrante". "Desde que nascemos, há nove séculos, que temos milhões de portugueses espalhados pelo mundo. Acolhemos o que nos chegam, combatendo xenofobias e intolerâncias. Consideramos prioritária a educação, consideramos que é preciso evitar a radicalização, o tráfico de seres humanos, e salvaguardar a paz e os direitos das pessoas e das comunidades”.

“Nós, patriotas, sabemos que precisamos de mais Nações Unidas, e não menos”, concluiu o Presidente da República.