O diabo entrou na campanha

Costa avisa que austeridade pode voltar com PSD no poder. “Connosco o diabo não vem”, diz. Rui Rio garante que existe “um certo desespero” na campanha do PS.

“Não, connosco o diabo não vem, mas o país também não volta a andar para trás”Passos Coelho está fora da política, mas foi a uma frase do ex-primeiro-ministro que António Costa recorreu para avisar que o país pode “andar para trás”.

Num comício em Loulé, o secretário-geral do PS defendeu que é preciso “dar força ao PS”, porque “nada nos garante que eles, chegando ao poder, para evitar o Diabo, não façam tudo andar para trás”. Ou seja, se o PSD voltar ao poder há o risco de que “os passes desapareçam, os salários voltem a ser cortados e as pensões também”, avisou, anteontem à noite, António Costa. E acrescentou: “Conhecemos bem aqueles que diziam que nada disto era possível porque, fazendo isto, vinha aí o diabo. Não, connosco o diabo não vem, mas o país também não volta a andar para trás”.

No mesmo comício, o líder socialista garantiu que vai continuar a ser “irritantemente otimista” (uma expressão utilizada pelo Presidente da República, em 2016, para definir o primeiro-ministro), porque tem “confiança” no país e nos portugueses. “Temos de continuar irritantemente otimistas, porque há mais e melhor para fazer. Nós não estamos acomodados com o que já conseguimos alcançar. Nós não estamos aqui para festejar o que fizemos. Estamos aqui porque temos mesmo vontade de seguir em frente e de fazer o que ainda não está feito”, disse.

 

PS "incomodado"

Rui Rio respondeu umas horas depois e viu nas afirmações do secretário-geral dos socialistas “um certo desespero”. Em Benavente, no Ribatejo, o presidente do PSD acusou António Costa de “tentar intimidar as pessoas” ao tentar “cavalgar” a austeridade aplicada pelo Governo de Passos Coelho no tempo da troika. “Isto mostra que o PS está incomodado e alguma coisa não está a correr-lhe muito bem. O PSD não vai cortar pensões nenhumas”, afirmou Rui Rio.

O presidente dos sociais-democratas explicou ainda que a austeridade foi uma “imposição da troika” e lamenta que os socialistas utilizem estes argumentos “sabendo que estão a dizer uma mentira”.

o socialista descontente Jerónimo de Sousa, num almoço-comício na Vidigueira, no distrito de Beja, apelou aos voto dos socialistas descontentes. “No início aqui deste almoço, um amigo que está presente, saudava-nos e dizia: ‘sou socialista, mas eles ultimamente não se andam a portar bem’. Deu-nos força, deu-nos alento. Queria daqui dizer que pode contar connosco e, se fizer a sua opção de voto pela CDU, vai ver que não se arrepende e que votou certo e seguro pelos avanços no país”.

O secretário-geral do PCP garantiu que “se há coisa de que aqueles que votaram há quatro anos na CDU se podem orgulhar é de que o seu voto foi respeitado, foi honrado, não foi traído”.

Em relação ao apoio dado ao Governo socialista, nos últimos quatro anos, Jerónimo de Sousa disse que a CDU “acompanhou aquilo que era positivo, mas demarcou-se e criticou aquilo que foi negativo neste Governo PS”. E acrescentou: “A CDU faz falta. Não é a nós, ter mais um deputado ou menos um deputado. Uma CDU mais forte pode manter este rumo de avanço, de continuar a andar para a frente e não andar para trás”.