Albuquerque fecha acordo com Barreto

Negociações entre PSD e centristas começaram no dia seguinte às eleições. Acordo só deverá ser anunciado depois das legislativas. Esquerda perde votos com subida do PS.

As negociações estão a correr bem, mas o acordo entre PSD e CDS para uma coligação de Governo só deverá ser anunciado depois das eleições legislativas, que se realizam no dia 6 de outubro. Pela primeira vez, o PSD não conseguiu atingir a maioria absoluta na Madeira e Miguel Albuquerque iniciou de imediato conversações com o CDS para um acordo político e programático. 

O PSD ficou à frente com 39,4% e 21 deputados, mas falhou o objetivo da maioria absoluta. Miguel Albuquerque considerou, porém, na noite eleitoral, que «o PSD venceu estas eleições de forma inequívoca» e  «a esquerda foi derrotada de forma clamorosa».

Nem todos os sociais-democratas ficaram, porém, satisfeitos com o resultado. A verdade é que o PSD perdeu votos e ficou dependente do CDS para governar. Alberto João Jardim, que fez as pazes com Albuquerque e entrou na campanha, assumiu que não ficou satisfeito com o resultado do PSD. «Ainda tentei deitar a mão. O PSD paga, neste momento, o preço dos dois primeiros anos desastrosos de governo que fez aqui na Madeira», disse o líder histórico madeirense.

Os socialistas perderam, mas festejaram o melhor resultado de sempre. Ana Catarina Mendes sublinhou que «este é o melhor resultado de sempre» do PS  e «acabou o poder absoluto» na região da Madeira. 

 Paulo Cafôfo ainda tentou criar uma espécie de ‘geringonça’ na Madeira, mas o CDS não alinhou. O candidato socialista, na noite eleitoral, mostrou-se disponível para fazer «uma coligação com todos os partidos da oposição». Precisava, porém, do CDS e desde a primeira hora que os centristas estiveram empenhados num acordo com Miguel Albuquerque. 

Rui Rio e Assunção Cristas defenderam, logo na noite eleitoral, uma aliança à direita. 

O presidente do PSD assumiu publicamente que «há todas as condições» para o PSD se entender com o CDS para formar governo. E a líder do CDS também apontou para uma coligação à direita, com a garantia de que «o centro direita» tem condições para governar. «Foi clarinho como água: a esquerda saiu derrotada. O modelo que, em 2015, teve início em Portugal não teve acolhimento e saiu derrotado na Madeira», disse a presidente do CDS. 

PCP e BE perdem votos

O PCP perdeu um deputado e considerou que «o resultado não é separável da operação que, ao longo de meses, foi dirigida para alimentar uma bipolarização artificial». 

Jerónimo de Sousa defendeu que «a perda pelo PSD da maioria absoluta é o elemento mais relevante dos resultados para a Assembleia Regional da Madeira». Apesar da derrota, o secretário-geral dos comunistas defendeu que «a perda do poder absoluto pelo PSD representa a vitória daqueles que, como a CDU, ao longo de décadas, ergueram a voz, deram combate, denunciaram injustiças e mobilizaram os trabalhadores e o povo». 

Edgar Silva, cabeça-de-lista da CDU, foi mais longe e considerou, nesta quinta-feira, que «houve aqui um logro, porque havia toda uma propaganda para fazer de conta que se ia eleger o presidente do Governo». 

O BE perdeu os dois deputados eleitos em 2015. A coordenadora do Bloco, Catarina Martins, assumiu a derrota. «O Bloco de Esquerda teve um mau resultado nas eleições regionais da Madeira, não alcançou representação parlamentar, portanto falhámos o nosso objetivo». 

CDS perde votos, mas ganha peso e RIR surpreende

O CDS perdeu deputados, mas conseguiu ganhar peso na região. É quase certo que os centristas vão entrar para o Governo. «O mais importante é um acordo político para um governo sólido e estável de quatro anos», disse o presidente do CDS, Rui Barreto, a meio da semana, após uma reunião da Comissão Política Regional do CDS/Madeira para aprovar as negociações com o PSD. 

Os centristas querem duas secretarias regionais e não dispensam implementar algumas das suas propostas. «Eu não jogo em dois tabuleiros ao mesmo tempo, nem acho que isto deve ser um leilão de lugares. Isto não é um bazar de Marraquexe», afirmou Rui Barreto à Lusa.

Uma das surpresas nas eleições na Madeira foi o resultado dos pequenos partidos. O RIR (Reagir, Incluir e Reciclar) conseguiu ficar à frente do Aliança, do Iniciativa Liberal (IL) e do Chega. O partido criado recentemente por Vitorino Silva, conhecido por Tino de Rans, conseguiu 1,21%, o que corresponde a cerca de 1700 votos. 

O Aliança conseguiu apenas 766 votos com 0,53% dos votos. 

O Iniciativa Liberal também conseguiu 0,53% com 762 votos.  

Já o Chega, de André Ventura, teve 0,43% com pouco mais de 600 votos. 

À frente do RIR, mas sem eleger, ficou o PAN, com 1,46%, e o Partido Unido dos Reformados e Pensionistas (PURP), com 1,23% dos votos.