Arábia Saudita. Guerra levaria a subida “inimaginável” do preço do petróleo

O aviso foi referente a um ataque aéreo a instalações petrolíferas, que os EUA e os sauditas apelidaram de “ato de guerra” do Irão. Entretanto, a Fitch já baixou a classificação da Arábia Saudita.

Uma guerra entre a Arábia Saudita e o Irão levaria a um “colapso total da economia global”, assegurou o príncipe herdeiro saudita, Mohammad Bin Salman, em entrevista ao 60 Minutos, da CBS. O alerta surge após os ataques aéreos de 14 de setembro contra as principais instalações da Aramco – a empresa petrolífera saudita – que afetaram quase 5% da produção global de petróleo. Tanto o reino saudita como os seus aliados norte-americanos culparam o Irão pelo ataque, que qualificaram como um “ato de guerra”.

“Este ataque não atingiu o coração da indústria energética saudita, mas sim o coração da industria energética global”, salientou o príncipe. Apesar do ataque ter sido reivindicado pelos houthis – um grupo rebelde iémenita apoiado pelo Irão – o reino de Bin Salman garante que os mísseis e drones que devastaram as instalações da Aramco não partiram do sul, do Iémen, mas sim no nordeste, do território iraniano.

Caso a crescente tensão entre Riade e Teerão degenere em guerra, “a produção petrolífera será afetada e os preços do petróleo subirão para valores inimagináveis, que não vimos no nosso tempo de vida”, notou Bin Salman. Mas os efeitos económicos não se limitariam ao setor energético, sobretudo dada a importância do Golfo Pérsico, uma das principais rotas marítimas globais – localizada entre as duas potências regionais. “Imaginem que tudo isto pára. Significa o colapso total da economia global, não só da Arábia Saudita ou dos países do Médio Oriente”, notou Bin Salman. 

 

Ratings Entretanto, segundo o Finantial Times, a agência de classificação de risco Fitch já baixou a costumeira classificação de A+ do reino saudita para um A – citando os riscos geopolíticos e tensão militar no Golfo. “Acreditamos que há o risco de mais ataques na Arábia Saudita”, declarou a Fitch em comunicado. O Ministério da Economia saudita acusou a avaliação de ser “algo especulativa”, mas esta terá sido alicerçada na vulnerabilidade geopolítica do reino, pelo seu “alinhamento com a política dos EUA quanto ao Irão e o seu envolvimento continuado na guerra do Iémen”, segundo a Fitch.

Além disso, a empresa prevê que as reservas financeiras sauditas desçam para 64% do PIB em 2021 – um valor sólido, mas inferior aos 87% de 2017. O aumento da dívida do reino também é uma preocupação para a Fitch, que notou a dependência do país no petróleo, bem como as suas “falhas de governação”.

 

Mediação Face ao risco de conflito, vários países próximos do Irão e da Arábia Saudita prontificaram-se a mediar negociações entre ambos. “Ninguém possui as armas necessárias para dar um golpe fatal ao seu adversário. Caos e destruição irão atingir a totalidade da região”, alertou o primeiro-ministro iraquiano, Adel Abdul Mahdi, em entrevista à Al Jazira.

As declarações do primeiro-ministro iraquiano foram feitas ontem, dias após a sua visita ao reino saudita, tendo já sido anunciado pelos media iraquianos que planeia visitar brevemente Teerão, para discutir uma solução diplomática para o conflito. Contudo, Mahdi também salientou que para conseguir uma paz regional é imperativo resolver primeiro o conflito no Iémen. A guerra já dura há mais de quatro anos e causou a morte a dezenas de milhares de pessoas – deixando o país à beira de uma crise alimentar que as Nações Unidas considerou “a pior do mundo”.