Rio jogou ao centro e vai resistir

Presidente do PSD terá teste derradeiro de liderança no dia 6 de outubro. Pode continuar, dependendo dos resultados, mas terá oposição garantida e adversários à vista: Pinto Luz avança já e Luís Montenegro entrará na corrida quando entender. Há congresso até março.

Rio jogou ao centro e vai resistir

O resultado eleitoral do próximo dia 6 de outubro ditará o futuro de Rui Rio na liderança do PSD. E os cenários em cima da mesa são vários. Tudo depende dos números e da capacidade de influência dos sociais-democratas na próxima legislatura. Na geometria interna existem três nomes a ter em linha de conta no curto prazo: Rui Rio, atual líder, Luís Montenegro, antigo líder do grupo parlamentar, e Miguel Pinto Luz, vice-presidente da Câmara Cascais e candidato confirmado à liderança.

Rui Rio surpreendeu na campanha eleitoral, conseguiu dar ânimo a militantes de base que já antecipavam um péssimo resultado eleitoral, deu luta ao adversário, António Costa, colocou o partido ao centro e, por fim, deu lastro à sua continuidade à frente dos destinos do PSD a seguir a 6 de outubro.

Assim, se Rio alcançar um resultado similar ao de 2005 –  28,70%-, o segundo pior da história do PSD, mesmo assim poderá recandidatar-se a um novo mandato. Tudo depende da distância a que o PSD fique do PS. Isto num cenário em que não haja maioria absoluta do PS.

Estatutariamente, o PSD terá eleições diretas e um congresso no primeiro trimestre de 2020 e o tira-teimas será feito nesse momento. Em dezembro, depois do debate orçamental de 2020, já se antecipa uma campanha interna.

Rui Rio pode entender que é o melhor colocado para continuar até porque se bateu contra tudo e contra todos e fez uma campanha pensada e focada no líder do partido, superando as piores expectativas internas.

Mais, o líder social-democrata entrou no jogo da bipolarização com o adversário do PS, insistindo que não é de direita, e garantiu mais destaque nos debates televisivos do que António Costa, chamando também a si o debate sobre as contas públicas, com sucessivos desafios ao ministro Mário Centeno, o mais popular dentro do Governo do PS.

Um ex-líder parlamentar e um autarca em Cascais

Do lado oposto, terá Luís Montenegro, antigo líder parlamentar do PSD, que o desafiou a eleições diretas no passado mês de janeiro. Falhou a batalha e deixou no ar que iria voltar, mas só depois das eleições legislativas de 6 de outubro. No PSD ninguém acredita que Montenegro não vá a jogo, a não ser que os sociais-democratas tivessem  uma vitória eleitoral nas legislativas. O antigo líder parlamentar fez campanha em vários distritos e colocou-se na reserva, avaliando todos os cenários.

Também Miguel Pinto Luz, autarca em Cascais, vai entrar em campo e de forma célere. O militante social-democrata poderá dar sinais logo após as eleições e já terá apoios  ou mesmo equipa: Bruno Vitorino, presidente da distrital de Setúbal, Matos Rosa, ex-secretário-geral do PSD, Vasco Rato e Ricardo Gonçalves (autarca em Santarém) . O objetivo é demonstrar (e ganhar espaço) interno no PSD em nome das diferenças com o PS, com uma visão menos estatizante face à de Rio. Miguel Morgado, que está de saída do Parlamento, será um nome a reter na lista de adversários do presidente social-democrata.

Ainda assim, entre os críticos há quem admita ao SOL que Rio possa manter-se na liderança nos próximos dois anos, tendo parte do partido na mão por estes dias. Assim, são mais as incógnitas do que as certezas. As contas fazem-se a partir das 20h00 do próximo domingo.