Pressão aumenta para Rio e já há distritais a pedir mudança de líder

Aparelho começa a alinhar-se para uma contenda com divisões de apoios. A guerra pode ir até ao Natal e presidente cria tabu sobre o seu futuro

A contagem de espingardas começou no PSD. Rui Rio recusou que o partido tivesse tido uma derrota pesada na noite eleitoral, mas somam-se as vozes que defendem o contrário. Está aberto o caminho para a clarificação interna, leia-se, a pressão para os sociais-democratas irem a votos.

Vários presidentes de distritais, como a de Viseu ou de Viana do Castelo, começam também a pedir a cabeça de Rio com o mesmo discurso: “é preciso arrumar a casa”. A frase foi dita ao i por Pedro Alves, o homem forte da distrital de Viseu (e potencial apoiante de Luís Montenegro), a lembrar que “não há derrotas positivas que se transformam em vitórias morais”. Mais, o PSD interrompeu um ciclo de vitórias nas legislativas que se iniciou em 2011 e 2015. Assim, o PSD precisa “de uma nova dinâmica”. Dito de outra forma, já há distritais a avisar Rio que não tem todo o aparelho na mão. Mas os apoios dividem-se. Braga, por exemplo, mantém-se com o líder, tal como a Guarda e Vila Real.

Logo pela manhã, o dedo foi colocado na ferida pelo antigo dirigente Miguel Relvas. Sem cerimónias, o antigo braço-direito de Passos Coelho desdobrou-se em declarações a defender que o PSD “precisa de novos protagonistas”, citado pela Lusa, e pediu celeridade no processo.

Bruno Vitorino, que é presidente da distrital de Setúbal, mas falou a título pessoal, assegurou ao i que foi “dos que teve vergonha de ouvir o líder” na noite eleitoral. Para o dirigente, que está fora do Parlamento a partir do final deste mês, o PSD tem de ter “uma estratégia para ganhar” maior ambição e deve, por isso, parar para pensar.

Outro dos potenciais apoiantes de Montenegro é Almeida Henriques, presidente da câmara de Viseu. À Antena 1, o autarca considerou que “globalmente o resultado é mau e o PSD deve antecipar o congresso”. Por sua vez, Rui Rocha, presidente da distrital de Leiria, que está de saída do cargo, disse ao i que “não acompanha a apreciação positiva” de Rio, porque o resultado “é dos piores de sempre”. Para o dirigente é fundamental que se faça uma reflexão, “o importante é discutir o partido”. Mas, para Rui Rocha não há grande pressa e pode-se cumprir o calendário: diretas em janeiro e congresso em fevereiro.

Já Luís Santos, presidente da distrital de Castelo Branco, não teve problemas em pedir a demissão do presidente. Por seu turno, Rui Rio prometeu ponderar o seu futuro e ontem reuniu a sua comissão permanente. Os próximos dias serão decisivos e há quem pondere já a recolha de assinaturas para um conselho nacional extraordinário.

Por enquanto, Luís Montenegro, o challenger de Rio, remete-se ao silêncio, mas está preparado para avançar. Pinto Luz, autarca em Cascais também e há outros nomes de que se fala para a corrida interna: Jorge Moreira da Silva, antigo ministro do ambiente, e Paulo Rangel, o eurodeputado que se tem colocado na reserva, além de Miguel Morgado.