IPO de Lisboa. Uma agenda solidária por um novo edifício

À 4.ª edição, receitas serão um contributo simbólico para o projeto, apontado agora para 2023. 

O IPO de Lisboa apresenta esta quarta-feira uma nova agenda solidária com 12 textos sobre “a alegria das pequenas coisas” assinados por nomes como Kiko Martins, Eduardo Madeira, Francisco Louçã, Ana Bacalhau ou Luísa Ducla Soares, que recorda os tempos de prisão política em Caxias, quando o canto servia de escape. “Voltámos a sorrir, porque descobrimos que na noite mais escura podem brilhar pirilampos, no inverno mais frio um abraço nos aquece, e não há prisão capaz de prender a liberdade de sonhar”, escreve a autora, naquela que é uma das mensagens inspiradoras que percorrem a edição, ilustrada por Joana Rosa Bragança.

À quarta edição, as receitas da nova agenda serão destinadas à construção do novo edifício de cuidados ambulatórios do IPO, depois de nos últimos anos a iniciativa ter contribuído para intervenções na pediatria, na nova unidade de transplante de medula e no hospital de dia de adultos. Desde 2017, as agendas solidárias permitiram angariar cerca de 150 mil euros, revelou o IPO. 

O projeto de um novo edifício teve o primeiro impulso no início dos anos 90 e foi relançado em 2001, mas não saiu do papel. Em 2017, a unidade assinou um protocolo de cedência de terrenos na Praça de Espanha com a Câmara Municipal de Lisboa. Na apresentação da agenda estará o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Francisco Ramos, que à frente do IPO de Lisboa relançou o projeto, e Fernando Medina, sendo que ambos assinam textos. 

Sandra Gaspar, da administração do IPO de Lisboa, diz ao i que esta é uma iniciativa de solidariedade e também simbólica, para manter “na agenda pública e política” o projeto com que esperam melhorar as condições das consultas externas.“Hoje os doentes fazem muitos quilómetros dentro do hospital e queremos garantir melhores condições de conforto e segurança.”

Para viabilizar o empreendimento nos próximos anos, e “antecipar” a sua execução, a estratégia da unidade passa por procurar novos parceiros para complementar o financiamento do Estado e foi assinado já um protocolo com o SUCH para a exploração do parqueamento, que permitirá financiar a construção de quatro pisos subterrâneos, adiantou a responsável. No início do ano foi pedida autorização à tutela e ao Ministério das Finanças para a atualização do projeto funcional, um investimento de 1,5 milhões de euros que ainda aguarda luz verde. Ao todo, estima-se um investimento de 40 milhões de euros numa obra que o instituto tem apontado agora para o centenário do IPO, em 2023. Sandra Gaspar admite que neste momento o financiamento estaria em grande medida assegurado por capitais próprios se fossem pagas dívidas dos serviços de saúde das regiões autónomas, que ascendem a 25 milhões de euros, a que acrescem pagamentos de antigos subsistemas. M. F. R.