Garcia de Orta tenta solucionar falta de pediatras com protocolo com Misericórdias

No Garcia de Orta trabalham 28 médicos pediatras, apenas sete fazem urgência, e destes, apenas quatro podem fazer noites, uma vez que têm menos de 55 anos.

Luís Amaro, presidente do conselho de administração do Hospital Garcia de Orta, em Almada, revelou, esta quarta-feira, que se está a tentar solucionar, a curto prazo, a falta de pediatras na urgência daquele hospital com um protocolo com a União das Misericórdias Portuguesas.

"No curtíssimo prazo, passará por estabelecer uma parceria protocolada com a União das Misericórdias, que trará médicos do norte do país, que é onde há mais pediatras, que trabalharão essencialmente ao fim de semana. É um esforço que se prevê que não pode ultrapassar mais do que um ano, um ano e meio, até repormos os nossos efetivos", disse o responsável, em declarações à agência Lusa.

De acordo com Luís Amaro, para evitar que a urgência pediátrica volte a encerrar, como aconteceu recentemente, também já foram estabelecidos protocolos com outros hospitais.

"Se nada for feito, o problema que se coloca neste momento na urgência pediátrica, a muito curto prazo vai colocar-se nas outras áreas de intervenção da pediatria, nomeadamente na neonatologia e no centro de desenvolvimento da criança, porque os médicos que lá trabalham estão a atingir a idade da reforma e, se o quadro não for rejuvenescido, o problema que persiste vai agravar-se nas outras áreas de intervenção", disse.

Além do hospital ter três vagas por contratação direta, será ainda lançado um novo concurso.

"Ninguém quer vir porque nos últimos anos a política de funcionamento do serviço não é muito apelativa para os médicos jovens, ou seja, os jovens que vêm sabem que vão essencialmente fazer urgências e as pessoas não querem fazer só urgências. As urgências são pesadas e a pediatria tem áreas de diferenciação muito interessantes e temos de dar possibilidade aos jovens médicos de virem também para as áreas nobres", reconheceu, acrescentando ainda que o hospital tem de arranjar estratégias de “cativação” para que os pediatras queiram ficar.

O presidente do conselho de administração do hospital admitiu ainda a possibilidade de a urgência pediátrica voltar a encerrar durante a noite, como aconteceu no sábado e na segunda-feira.