FMI. Guerras comerciais e incertezas do Brexit geram preocupação

Estes foram alguns dos temas abordados na reunião de outono do Fundo Monetário Internacional, que terminou este fim de semana.

Foi com um apelo ao crescimento global e ao fim dos conflitos comerciais que põem em causa esse mesmo crescimento e ainda com a incerteza em torno do Brexit que terminou a reunião de outono do Fundo Monetário Internacional.

Durante a assembleia, os membros do FMI destacaram a necessidade de aumentar a “pressão do grupo” sobre os países que estão em confronto mundial com o principal objetivo de que estes países consigam melhorar e respeitar as regras globais do comércio.

As sugestões sobre esta tensão comercial entre China e Estados Unidos foram dadas pela diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, acrescentando não querer limitar fragilidades no crescimento do comércio.

Na sua última reunião como presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, garantiu que “a cooperação multilateral é necessária para reduzir os conflitos comerciais”.

O crescimento económico mundial foi outro dos assuntos que esteve em debate, com David Malpass, presidente do Banco Mundial, a garantir que existe uma “boa notícia”, já que “é ainda possível um amplo crescimento. 

Recorde-se que o FMI prevê um crescimento a nível mundial de 3% e é por isso que “não há espaço para erros políticos”, advertiu Gita Gopinath, economista-chefe do organismo.

Outro dos assuntos em destaque foi o impasse para a saída do Reino Unido da União Europeia, com Georgieva a garantir ser necessário “encontrar uma solução que poderia ajudar a reduzir as incertezas” que pesam na economia mundial. “Há uma cadeia de custos e consequências que vai das tensões comerciais à incerteza, daí à aceleração do investimento, daí à desaceleração do crescimento, daí à potencial erosão do emprego e, a partir daí, à erosão da confiança do consumidor”, disse a diretora-geral do FMI.

Brexit e os mercados A saída do Reino Unido da União Europeia trará, por si só, grandes desafios para todos, mas só a possibilidade de existir um Brexit leve já dá alguma segurança. Mas a hipótese de uma saída brusca não está posta de lado – nesse cenário, os britânicos e restantes europeus têm de se preparar para uma série de restrições.

Esta tem sido uma maratona difícil, com um impacto “claramente negativo, tanto ao nível da economia como também politicamente” desde o início, referiu ao SOL Ricardo Evangelista, analista sénior da ActivTrades. “De acordo com um estudo da S&P, publicado em abril de 2019, a economia do Reino Unido tem perdido cerca de 550 milhões de libras por semana, devido à incerteza gerada pelo Brexit. O impacto no PIB deverá ser na ordem dos 3%”, explicou ainda o analista.
Mas a verdade é que apenas o acordo entre Londres e Bruxelas para uma saída limpa acalmou de imediato o mercado financeiro. “O acordo diminuiu as probabilidades de virmos a ter um Brexit duro, o que levou a libra a máximos de 5 meses. Apesar de ser incerto que o primeiro-ministro Boris Johnson vá conseguir fazer passar o acordo no parlamento Britânico, os mercados estão confiantes, como demonstra a performance da libra que, comparando com a situação de há pouco mais de uma semana atrás, leva ganhos de mais de 5.5% em relação ao dólar”, diz o especialista.