Benfica-Sporting. Golear está no ADN da águia – 1.º dérbi pintado de vermelho

Primeiro dérbi oficial da história do futebol feminino terminou com vitória do Benfica, que agora é líder isolado da Liga. O estádio da Luz marcou ainda outro recorde, com quase 13 mil espetadores nas bancadas. Crescimento exponencial da modalidade nos últimos anos é cada vez mais notório.

O Estádio da Luz abriu portas no fim de semana para ser palco de uma página histórica no futebol feminino português. Benfica e Sporting cruzaram caminho pela primeira vez num dérbi oficial pelo que os motivos para celebrar eram vários ainda antes do apito inicial.

Numa época que marca a estreia das águias na Liga principal feminina; o jogo com as leoas, duas vezes campeãs nacionais (2016/17 e 2017/18), podia ser encarado como uma verdadeira prova de fogo. Sobretudo se tivéssemos também em conta que estava em jogo a liderança isolada da Liga nacional. Com 9 pontos, com tantas vitórias como encontros disputados, as duas equipas da 2.ª circular seguiam empatadas no topo da tabela classificativa. 

Nada melhor, por isso, que a verdadeira batalha do tira-teimas, que agora aconteceu, referente à quarta jornada da competição.

Na Luz, o conjunto encarnado mostrou desde cedo vontade em dominar o encontro – e, mais do que isso, chegar à vantagem. Aliás, fazer golos parece ser mesmo parte integrante do ADN da equipa treinada por Luís Andrade, que viria a ganhar por três bolas a zero, com um golo de Nycole e um bis de Darlene. 

O triunfo deixou o Benfica na liderança isolada do campeonato, com 12 pontos. Uma referência para a capitã encarnada, que, com os dois golos apontados, também segue agora sozinha no primeiro posto da lista de melhores marcadoras da prova, agora com 10 golos.

Ainda mais impressionante é se olharmos para o historial e percebermos que este 3-0 foi, ainda assim, o resultado mais magro alcançado pelo Benfica na prova. Com quatro rondas cumpridas, são agora 41 golos marcados contra zero sofridos. Antes deste primeiro Benfica-Sporting, as encarnadas tinham vencido o Estoril e a Ovarense, ambos por 7-0, e entrado com o pé direito na competição com a goleada sobre o A-dos-Francos por incríveis 24-0! 
Já no passado mês de agosto, a época tinha arrancado da melhor forma, com o Benfica a conquistar o primeiro troféu, a Supertaça, após vencer as campeãs nacionais do Sp. Braga, em Tondela (1-0).

Já as leoas averbaram a primeira derrota da época e seguram agora o segundo posto. 

Fora de campo Também fora das quatro linhas há dados que são dignos de registo. Ainda assim o maior prende-se com a assistência: foram quase 13 mil espetadores (12.812) a marcar presença na Luz, naquele que marca um novo máximo de assistência em jogos oficiais. OBenfica-Sporting superou o anterior recorde, que pertencia ao Benfica-Valadares da Taça de Portugal, que contou com 12.632 espetadores. Acima destes números apenas pode ser encontrado o jogo de cariz solidário entre Sporting e Benfica, no estádio do Restelo, em março passado, em que as receitas, recorde-se, reverteram a favor das vítimas das cheias em Moçambique. À data, cerca de 15 mil adeptos assistiram àquela partida.

Foi, aliás, durante esse mês que se verificou uma assistência recorde a nível mundial. O duelo entre Atlético Madrid e Barcelona, da primeira divisão espanhola, tornou-se o jogo de futebol feminino de clubes com mais assistência do mundo, ultrapassando a fasquia dos 60 mil espetadores – 60.739 estiveram nas bancadas do Wanda Metropolitano.
O recorde anterior em Espanha era de 48.121 espetadores, alcançado também em 2019, mas em janeiro, num encontro dos quartos-de-final da Taça do Rei entre Athletic Bilbao e Atlético Madrid, no San Mamés.

Por sua vez, e se olharmos a nível europeu, a final da Liga dos Campeões feminina, entre Lyon e Frankfurt, em 2012, continua a segurar o recorde: à data contaram-se 50.212 espetadores.

Já à escala de seleções, ainda ninguém conseguiu igualar a final do Mundial feminino de 1999, entre os Estados Unidos e China, com mais de 90 mil pessoas a marcarem presença no Rose Bowl, em Los Angeles, nos Estados Unidos. Este foi o primeiro Mundial feminino organizado durante a presidência de Joseph Blatter, então presidente da FIFA. Uma década antes, tinha sido o suíço a aceitar o mandato de João Havelange para tratar de incluir uma prova feminino no calendário da FIFA. 

E era deste modo que começava uma nova era no desporto-rei feminino. Com um crescimento exponencial nos últimos anos – número de praticantes, competitividade dos campeonatos, mediatização –, a modalidade é considerada cada vez mais, como fazem prova os investimentos levados a cabo pelos principais organismos que regem o futebol europeu e mundial. 

“O potencial do futebol feminino é ilimitado e, com esta ideia em mente, a UEFA aumentou o financiamento disponível para as federações nacionais para ajudar a melhorar o futebol feminino em todo o continente”, afirmou, em julho, Aleksander Ceferin, presidente da UEFA, “A UEFA investirá recursos financeiros significativos na modalidade, destacando que aponta a altos voos e compromete-se a tornar o futebol europeu o melhor possível. As ações que propomos e comprometemos em 2019 levarão a um crescimento da modalidade, mais profissional e mais próspera até 2024. É tempo de agir!”, sentenciou o dirigente.