Sustentabilidade: uma fonte de inovação e sucesso

«O futuro da Unilever depende da nossa capacidade de dissociar o nosso crescimento da nossa pegada ecológica, exercendo ao mesmo tempo um impacto social positivo». Estes são os objectivos centrais do Unilever Sustainable Living Plan, que foi lançado, em 2010, por Paul Polman, CEO da Unilever.

Muitos gestores ainda pensam que a sustentabilidade passa, unicamente, por tornar os produtos ‘mais verdes’, o que os coloca em clara desvantagem quando comparados com os concorrentes dos países em desenvolvimento, que não sofrem estas mesmas pressões. Criou-se então uma crença de que ser sustentável sai caro e, pior do que isso, não traz retorno nem no curto, nem no longo-prazo. Felizmente, estudos recentes contrariam esta ideia, mostrando que a sustentabilidade é uma poderosa fonte de inovação tecnológica e organizacional e que, no longo prazo, resulta não só no aumento de vendas, mas também numa melhoria geral dos indicadores financeiros das empresas.

Os objectivos do Unilever Sustainable Living Plan que começou em 2010 passam por, em dez anos, reduzir para metade a pegada ambiental dos produtos da empresa, ao mesmo tempo que duplicam as vendas. E porque será que a Unilever tornou a sustentabilidade numa prioridade central? Porque percebeu que é uma preocupação dos consumidores, dos retalhistas e da comunidade onde está inserida. E porque percebeu que a sustentabilidade gera inovação, ajuda a desenvolver novos mercados, traz retorno financeiro no curto e longo-prazo, inspira confiança e traz satisfação pelo sentimento colectivo e individual de estar a cumprir um dever cívico.

O caso da Unilever mostra que não é preciso escolher entre crescimento e sustentabilidade, mostra que urge a necessidade das empresas crescerem com energia renovável, com agricultura sustentável e com inovações amigas do ambiente. Por exemplo, as marcas da Unilever que são consideradas as mais sustentáveis, são também as que apresentam melhor performance financeira. Para a Unilever, a sustentabilidade é alcançada passo a passo, com pequenas e grandes medidas, que passam pelo packaging, pelas operações nas fábricas, pelas fontes de matérias primas e até pelas políticas de recursos humanos. Alguns exemplos mais latentes são os programas de eco-efficiency nas fábricas; os esforços contínuos para reduzir o packaging; a utilização de electricidade 100% proveniente de recursos renováveis na Europa; os 24% de matérias primas provenientes da agricultura sustentável; a redução dos gases efeito estufa no transporte e distribuição; e até a promoção de um maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional dos colaboradores.

Apesar deste exemplo de sucesso, onde a sustentabilidade, a inovação e o crescimento aparecem de mãos dadas, há uma pergunta que continua sem resposta: mas afinal qual é o impacto financeiro da sustentabilidade? O estudo feito pelo Economic Intelligence Unit sobre 1.200 empresas vem dar resposta a esta pergunta. O estudo compara empresas ‘mais sustentáveis’ com empresas ‘menos sustentáveis’ e conclui que as empresas ‘mais sustentáveis’ são mais rentáveis a curto e a longo-prazo do que as empresas ‘menos sustentáveis’. Estes resultados não deixam margem para dúvida que ser sustentável compensa agora e no futuro.

Professora, Católica Lisbon-School of Business & Economics