Pensar o PSD

Falar de Rui Rio, não é difícil porque tem vários atributos que aprecio, inteligência, honestidade, raciocina rápido, exprime-se com facilidade e tem uma enorme capacidade de liderança. Politicamente não se move por malabarismos, mas por assuntos reais. Que me perdoem outros líderes do PSD por quem tenho estima, mas na realidade RR é o que…

Os partidos são motivados por determinada ideologia. Sá Carneiro, sendo deputado, no antigo regime, já era crítico desse mesmo regime. Após o golpe de Estado resolveu formar um partido político social-democrata do centro, o PPD, mais tarde PPD/PSD com Pinto Balsemão e Magalhães Mota também deputados desse regime. Em boa hora o fez, porque integrou de imediato o primeiro Governo Provisório como ministro sem pasta. Apesar de ser um momento revolucionário, não o preocupou nem do ponto de vista pessoal nem ideológico. Álvaro Cunhal e Mário Soares, seus colegas no Governo, tinham por ele admiração reconhecendo-lhe coragem, inteligência e um democrata bem preparado. 

Passado 45 anos, continuam a existir dois grandes partidos em Portugal PS e PSD devendo-se a Sá Carneiro e Mário Soares. Eles souberam posicionar-se no mesmo espaço político e fazer alternância no poder. No entanto, as guerras e o posicionamento do partido começaram logo após a sua fundação. Sá Carneiro que desapareceu prematuramente em 1980 teve que enfrentar uma oposição de direita com dissidências dentro do seu próprio partido. Porém o legado que deixou, sempre disponível para fazer acordos com o PS e CDS em nome do interesse nacional, foi seguido por líderes como Mota Pinto, Marcelo Rebelo de Sousa, Manuela Ferreira Leite e Rui Rio (RR) afastando-se desse espaço natural, para a direita com Durão Barroso, Santana Lopes e Passos Coelho. Estes chegaram a primeiro-ministro, mas os três saíram da liderança deixando o partido desfeito e afastado da sua essência. Presentemente, com eleições à liderança do PSD, há candidatos que continuam a não perceber os fundamentos da origem do partido. 

Miguel Pinto Luz tem um pensamento, que o afasta da sua origem, a sua candidatura tem como finalidade ser conhecido junto dos militantes.

Luís Montenegro foi presidente do grupo Parlamentar do PSD de 2011 a 2017. 

Quando Passos Coelho se demitiu pelo resultado desastroso de 22% nas eleições autárquicas, seria natural Luís Montenegro ser candidato a líder. Não o fez, por saber o estado calamitoso em que o partido se encontrava. Não se candidatou nem ficou em silêncio optando por dirigir um grupo que teve como objetivo afastar o atual líder. Luís Montenegro apresenta-se agora como candidato, com o objetivo de voltar a posicionar o partido fora da sua origem ideológica que desde a sua fundação, é governo ou lidera a oposição. Qual a utilidade de um partido quando um candidato a líder diz que não faz qualquer acordo e que vota sempre contra o partido do governo, que tristeza querer viver orgulhosamente só. A direita está em crise profunda na sua existência, o seu desaparecimento nestas eleições é uma realidade. Querer colocar o PSD nesse espaço é reduzi-lo à insignificância e não voltar a ser Governo. LM pela sua identificação política, pela sua conduta demagógica, não tem perfil para ser líder do PSD. 

Rui Rio chegou a líder, com uma estratégia de voltar a posicionar o partido no seu espaço natural, o centro. Não foi fácil, teve muitas barreiras, mas também ele teve erros, como diz Pacheco Pereira «fez escolhas que não devia e não escolheu quem devia». Deixou-se levar na direção errada, pelos espertos saloios, profissionais do tacho e da intriga, pensando que a estratégia deles dava votos, porém o insucesso pertence-lhes, porque essas pessoas não convivem com a lealdade nem com a inteligência, pouco importa quem é líder e o seu posicionamento o que lhes interessa é continuarem a viver à custa dos lugares que o partido lhes proporciona. Mas quem não erra? 

Falar de Rui Rio, não é difícil porque tem vários atributos que aprecio, inteligência, honestidade, raciocina rápido, exprime-se com facilidade e tem uma enorme capacidade de liderança. Politicamente não se move por malabarismos, mas por assuntos reais. Que me perdoem outros líderes do PSD por quem tenho estima, mas na realidade RR é o que mais se identifica com Sá Carneiro, embora este seja mais afetivo e RR mais racional, os dois são ‘líderes inatos’ têm a mesma forma de pensar, agir e comunicar, nos assuntos que desenvolvem têm disciplina e organização e enorme capacidade de inspirarem aqueles que os rodeiam. Sá Carneiro partiu para a eternidade, mas deixou um legado ‘PSD ao centro’. RR é o sucessor natural, ele é maior que o partido e mesmo quando alguns pensam que está agonizante, desenganem-se porque já demonstrou que o seu talento é uma dor de cabeça para qualquer adversário.

Aproximam-se as eleições diretas do PSD. A escolha é fácil! Se os militantes querem um PSD de direita moribundo condenado à autoexclusão democrática sabem em quem votar. Se os militantes querem um PSD que se identifique com os valores democráticos, fiel aos valores da sua fundação e um partido de poder, votam em Rui Rio. Eu não tenho qualquer dúvida, vou votar Rui Rio.

Professora Universitária de Gestão e Economia