As forças armadas bolivianas obrigaram o Presidente da Bolívia, Evo Morales, a demitir-se, após motins policiais em que agentes se juntaram aos protestos contra a alegada fraude eleitoral nas presidenciais de 20 de outubro. Morales foi obrigado a esconder-se numa região indígena no centro do país, avançou o El País. O México, que já recebeu 20 dirigentes do seu partido que temiam pela vida, ofereceu-lhe asilo.
“Queimaram instituições e sedes sindicais. Formaram grupos paramilitares para intimidar os camponeses, ameaçaram os nossos companheiros. Foi um golpe de Estado. Eu também renuncio”, disse o vice-presidente, Álvaro García Linera.
A notícia surgiu horas depois de Morales, após 18 dias de protestos, aceitar uma repetição das eleições e renovar totalmente o Supremo Tribunal Eleitoral. Contudo, a oposição, liderada pelo antigo Presidente Carlos Mesa, exigiu como condição que nem Morales nem García Linera se candidatassem, apesar de terem tido quase metade dos votos – as acusações de fraude questionavam apenas se teriam tido votos suficientes para não ir à segunda volta.
O principal líder dos protestos, Luis Fernando Camacho, apelou este domingo à criação de uma “junta de Governo”, com o alto comando policial e militar.
Caos nas ruas Mas o afastamento do Presidente pelas forças armadas não acalmou a situação – pelo contrário. De acordo com a France Press, um grupo de encapuçados tomou a embaixada da Venezuela, perante a passividade das forças policias de La Paz. Elementos não identificados protestaram e atacaram lojas e fábricas na capital, incendiando um terminal de autocarros. Ao caos junta-se a ação da polícia, que abandonou Morales – as imagens mostram a detenções de apoiantes do MAS, presidentes de Câmaras, membros do conselho eleitoral.