Porque Ash Barty é a incontestável nº 1

Ash Barty é discreta na aparência e na atitude, mas poderá ser muito importante para o ténis e voltarei a falar dela.

O que poderemos chamar de primeira divisão do ténis feminino termina neste fim de semana com a Final da Fed Cup, na qual a Austrália recebe a França.

A grande figura da Austrália é Ash Barty, que há uma semana viveu um dos momentos mais altos da sua curta carreira, ao vencer o Masters (ou Finais WTA) em Shenzhen, assegurando o estatuto de n.º 1 mundial de 2019.

Vivemos em muitos aspetos uma época caracterizada pela novidade. Ao longo do ano fui sublinhando:  

1. A situação inédita de os primeiros 18 torneios WTA terem sido conquistados por 18 jogadoras distintas. 
2. A partilha de poder nos torneios do Grand Slam, com Naomi Osaka, Ash Barty, Simona Halep e Bianca Andreescu a sagrarem-se campeãs; 
3. Ter havido 16 jogadoras a ganharem pela primeira vez um torneio WTA; 
4. Cinco jogadoras com menos de 20 anos terem elevado o seu primeiro troféu de carreira, com destaque para Coco Gauff, de 15 anos, em Linz; 
5. Três jogadoras terem ocupado o posto de n.º 1 mundial e duas delas pela primeira vez – Osaka e Barty – ambas com menos de 25 anos.

Referi também por duas vezes que as constantes lesões de Maria Sharapova e as ausências cada vez mais prolongadas de Serena Williams deixaram o ténis feminino órfão das suas grandes estrelas, das suas divas e daquelas (mais Serena, claro) que em determinados momentos dominaram o circuito.

Neste contexto de revolução, Ash Barty merece ser a n.º 1 mundial e não sofrerá muita contestação, embora sinta-se que quer Osaka quer Andreescu parecem reunir mais os ingredientes que poderão levá-las a serem as grandes figuras do ténis feminino no futuro próximo.

Barty, com apenas 23 anos, começou o ano como 15.ª do ranking e vai terminá-lo como n.º 1; conquistou quatro títulos igualando o máximo de 2019 de Karolina Plisková mas com a vantagem dos seus serem mais importantes e de ter-se imposto em hardcourts ao ar livre, em terra batida, em relva e em hardcourt em recinto coberto; foi a que mais encontros ganhou na época (56); venceu em Miami o seu primeiro torneio da categoria Premier Mandatory derrotando pela primeira três top-10 e duas delas em rondas seguidas; apoderou-se do seu primeiro Major em Paris, quando antes de 2019 nunca tinha chegado sequer aos quartos de final em torneios do Grand Slam; e arrecadou o Masters logo na sua primeira participação na prova, vergando na final a campeã em título, Elina Sivoltina, uma adversária que a batera nos cinco confrontos anteriores.

Ash Barty é discreta na aparência e na atitude, mas poderá ser muito importante para o ténis e voltarei a falar dela.