Cruz Vermelha afasta privados do hospital

Santa Casa deverá fechar negócio, mas havia outros interessados. Cruz Vermelha confirma que não há interesse em privados. Ministério da Saúde diz nada ter a ver com a estratégia. 

A possibilidade de o Hospital da Cruz Vermelha poder passar para a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, o que faria esta entidade cimentar a sua resposta nos cuidados hospitalares, foi noticiada esta semana, com a informação de que haveria já um acordo de intenção. Mas nos bastidores deste negócio houve outros intervenientes e outros interessados que acabaram excluídos da corrida. 

Ao SOL, Rui Teixeira Santos confirmou que um dos interessados na gestão da unidade hospitalar foi um grupo informal por ele liderado e que contava com a presença de Alípio Dias, que fora presidente do Hospital da Cruz Vermelha durante 21 anos. «Apresentámos uma proposta e discutimos a possibilidade de fazer a gestão, mas o Governo decidiu no sentido contrário», explicou o consultor, que foi também coordenador do Serviço de Planeamento, Estudos, Auditoria e Jurídico (SEPAJ) da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa até março de 2018. . E não terá sido o único, havia propostas de gestão, de compra e até de transformação do Hospital numa espécie de projeto imobiliário, sabe o SOL.

Confrontada com o afastamento da iniciativa privada na gestão do Hospital da Cruz Vermelha, a organização liderada por Francisco George foi clara: «Objetivamente, considera-se que o parceiro natural da Cruz Vermelha Portuguesa será uma Organização robusta do Setor Social. Em termos de parceria, a equação é simples de compreender e aceitar uma vez que: Setor Social + Setor Social = Setor Social. Enquanto que se uma das partes fosse Setor Privado, o resultado seria, evidentemente, Privado».

A mesma fonte acrescentou ainda que «a atividade desenvolvida pela Santa Casa na área da prestação de cuidados de Saúde é inquestionável, em termos de qualidade». 

Por outro lado, questionada sobre este negócio, a Santa Casa da Misericórdia não enviou qualquer resposta até à hora de fecho desta edição.

Do lado do Ministério da Saúde, tutelado por Marta Temido, antiga presidente do conselho de administração (não executiva) Hospital da Cruz Vermelha, a resposta foi a de que nada tem  a ver com este negócio: «O Ministério da Saúde não tem tutela sobre o Hospital da Cruz Vermelha e não tem qualquer envolvimento com este assunto».

O negócio de venda que não satisfaz todos 
Segundo avançou o Diário de Notícias esta semana, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa está interessada em adquirir o Hospital da Cruz Vermelha, estando em curso auditorias e estudos para que se perceba quais os impactos de tal negócio. 

Ao SOL fontes conhecedoras dos corredores da Santa Casa de Lisboa garantem que o sentimento da estrutura não política da Santa Casa sempre foi fortemente contra a entrada neste hospital.

Segundo aquele diário, a Santa Casa não pretendeu ficar apenas com os 55% da unidade que são geridos pela Cruz Vermelha, pretendendo ficar com a totalidade da gestão. Recorde-se que o restante pertence ao Estado, através da Parpública.

Os prejuízos de 203 mil euros registados em 2018 são um dos motivos que estão a levar a Cruz Vermelha a avançar para este negócio. Foi também já avançada a hipótese de estar a ser estudada, caso o negócio se concretize, uma cooperação do hospital com o Serviço Nacional de Saúde.