Reino Unido. Julian Assange está em risco de morrer na prisão

O fundador da Wikileaks está há mais de sete anos sem acesso a cuidados de saúde adequados. “A situação médica é urgente”, consideram mais de 60 médicos.

A saúde de Julian Assange está tão frágil que pode morrer na prisão britânica de alta segurança onde está detido, asseguraram mais de 60 médicos de todo o mundo. O fundador da Wikileaks, com 48 anos, está privado dos cuidados médicos que necessita há mais de sete anos, e “a contínua exposição e a abuso pode acabar por lhe custar a vida em breve”, lê-se numa carta de 16 páginas, enviada à ministra do Interior do Reino Unido, Priti Patel.

Desde que foi detido na embaixada do Equador, em abril deste ano, Assange enfrenta “condições opressivas de isolamento e vigilância”, lê-se num relatório recente do investigador especial das Nações Unidas para a tortura, Nils Melzer, em que se basearam os médicos signatários da carta. O fundador do Wikileaks, que ganhou notoriedade com a divulgação de abusos cometidos por forças norte-americanas no Afeganistão, Iraque e na prisão de Guantanamo, enfrenta um pedido de extradição dos Estados Unidos, que o acusam de espionagem – algo que pode resultar numa pena de até 175 anos de prisão. A detenção de Assange no Reino Unido foi devida a acusações de violação pelas autoridades suecas, que entretanto deixaram cair a investigação.

As preocupações com a saúde de Assange já vêm de trás, desde que se refugiou na embaixada do Equador, em 2012. Nesse período, o Governo do Equador pediu um livre conduto humanitário, para que Assange pudesse ser examinado num hospital, mas o foi recusado pelo Governo britânico. Desde 2015 que Assange foi diagnosticado com um inflamação no ombro, um dente fraturado de tal modo que a polpa estava exposta – podendo levar a uma infeção – e depressão, que continuam por tratar, salientaram os mais de 60 médicos.

Contudo, os receios multiplicaram-se os receios quando o fundador da Wikileaks compareceu num tribunal londrino, a 21 de outubro, mostrando sinais claros de fragilidade e desorientação. Pareceu ter dificuldade em recordar-se da sua própria data de nascimento, e chegou a mencionar que não compreendeu o que estava a acontecer no tribunal, apresentando queixas das condições em que é mantido na prisão de Belmarsh: Algo que poder afetar as suas capacidades para se defender legalmente.“A situação médica é urgente. Não há tempo a perder”, concluí a carta.