Bastonário da Ordem dos Médicos atira-se a auditoria externa

Miguel Guimarães considera que as conclusões da auditoria externa encomendada pelo Ministério Público “são subjetivas e carecem de maior fundamentação”

Miguel Guimarães, bastonário da Ordem os Médicos, referiu este sábado, em declarações à Agência Lusa, que a maior parte das falhas apontadas por uma auditoria externa ao processo do internato médico "são subjetivas" e carecem de maior fundamentação.

"O relatório não esclarece quais são as falhas que existem. Eles dizem que há alguma subjetividade, mas eu tenho de perceber quais são as falhas e em que especialidades se detetaram as falhas. Tem de se dizer quais são os critérios de idoneidade que estão mal e o que está mal nos programas de formação. Não se pode aqui mandar aqui uma boquita para o ar", salientou o bastonário, revelando ainda assim que na segunda-feira irá ocorrer uma reunião no ministério da Saúde, onde estará presente a ministra Marta Temido, para apresentação e discussão do relatório da auditoria.

Miguel Guimarães considera ainda que outra das conclusões da auditoria, que aponta para um aumento do número de jovens médicos sem acesso a formação especializada, tinha já sido identificada pela Ordem dos Médicos. "Aquilo que os auditores concluíram, nós já tínhamos concluído. É difícil arranjar mais vagas para a formação médica enquanto tivermos médicos a saírem todos os dias do SNS. Seja médicos mais novos ou com mais experiência, precisamos de mais gente e de mais formadores", realçou, reagindo no mesmo tom a uma notícia do "Expresso" a dar conta de que a saída de médicos portugueses para o estrangeiro "é a mais alta dos últimos quatro anos": "Os médicos procuram melhores condições. É um sinal dos tempos e que mostra que as coisas não vão bem no SNS, mas as pessoas podem circular livremente".

A auditoria externa realizada a pedido do Ministério da Saúde concluiu que a avaliação das capacidades de formação de médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) "tem sido subjetiva e pouco documentada", apontando falhas no processo de avaliação da idoneidade e capacidades formativas em que se baseia anualmente a atribuição de vagas para o internato dos médicos.