Ativistas anti-lítio levam tampa do Presidente

Nas redes sociais, há quem ameace organizar protestos contra a falta de ‘agenda’ de Marcelo para ir a Montalegre.

A população de Montalegre, e em particular os ativistas anti exploração do lítio, não ficou satisfeita por Marcelo Rebelo de Sousa ter recusado o convite para estar naquela vila e ouvir as queixas de ambientalistas na zona. Mas mais indignada ficou quando percebeu que o Presidente da República, afinal, teve agenda para se deslocar ao distrito de Vila Real para participar na cerimónia de abertura do encontro de autarcas da Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP).

Numa nota divulgada no passado dia 26, na página Notícias de Montalegre, a Presidência da República alegou a «absoluta indisponibilidade de agenda» de Marcelo Rebelo de Sousa para justificar que, por isso, não era possível ao Presidente da República «aceder ao convite formulado» para se deslocar até Montalegre e ouvir o que a população daquela vila do distrito de Vila Real tem a dizer sobre a exploração de lítio na zona.

Logo na altura, várias pessoas usaram as redes sociais para manifestarem a sua indignação e insatisfação perante a recusa de Marcelo. Mas as vozes de contestação tornaram-se ainda mais claras após a divulgação do programa do XXIV congresso da Associação Nacional de Municípios Portugueses, sobre a descentralização e/ou regionalização. Isto porque o evento está a decorrer entre ontem e hoje no teatro municipal de Vila Real, a cerca de 100 quilómetros de Montalegre, e a sessão de abertura teve como protagonista Marcelo Rebelo de Sousa. O primeiro-ministro, António Costa, será a principal figura da sessão de encerramento, nesta tarde.

A presença do Presidente da República e do primeiro-ministro não caiu bem a muitos habitantes de Montalegre, que usaram as redes sociais para mostrar o seu descontentamento. Houve quem defendesse que «ambos deveriam ser recebidos com uma manifestação» e até quem fosse mais longe: «Cortem-lhes a estrada e obriguem-nos a passar por Montalegre, pode ser que os ares vindos do Larouco e do Gerês lhes iluminem as ideias».

Recorde-se que a Associação Montalegre com Vida interpôs uma ação administrativa com vista à anulação do contrato de concessão para a exploração de lítio assinado pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) e a Lusorecursos Portugal Lithium. A ação deu entrada no Tribunal Administrativo e Fiscal de Mirandela e defende que o contrato celebrado em março de 2018 é ilegal – o que o Governo tem vindo a refutar, tanto pela voz do ministro Matos Fernandes como pelao do secretário de Estado João Galamba.