COP25. Guterres pede para se acabar com a “guerra contra a natureza”

Na véspera do encontro, este domingo, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, foi perentório: “A nossa guerra contra a natureza tem que acabar, e nós sabemos que isso é possível”.

Enquanto os alarmes soam cada vez mais alto em relação às alterações climáticas, sem que se vislumbre uma resolução, cerca de 25 mil delegados de 197 países vão participar na Conferência para as Alterações Climáticas (COP 25), que se realizará nas próximas duas semanas em Madrid. 

Na véspera do encontro, este domingo, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, foi perentório: “A nossa guerra contra a natureza tem que acabar, e nós sabemos que isso é possível”, apontou Guterres, acrescentando que a única coisa que falta é vontade política. “Simplesmente temos que parar de escavar e perfurar a terra e aproveitar as vastas possibilidades oferecidas pelas energias renováveis e soluções naturais”.

O encontro realiza-se depois de a União Europeia ter declarado, na semana passada, a emergência climática. Estava previsto que a COP fosse realizada, em primeiro lugar, no Brasil. Mas depois de o Presidente brasileiro ter sido criticado por ambientalistas devido às suas políticas para a Amazónia, o evento foi relocalizado para o Chile. Contudo, após os protestos que têm dominado o cenário político daquele país, o Presidente chileno, Sebastián Piñera, anunciou há um mês que ia ceder o acolhimento da COP25 a Espanha.

Os cortes nas emissões de gases – provocado principalmente pelos combustíveis fósseis – que foram acordados até ao momento no acordo de Paris, firmado em 2015, não são suficientes para colocar um travão no aumento da temperatura, entre os 1,5 e 2º Celsius. Na última semana, relatório da Organização Mundial de Meteorologia indicou que a concentração de gases de efeito de estufa aumentou novamente em 2018, atingindo 407,8 partes por milhão, um novo recorde na história da humanidade. 

“A confirmação de que superámos os registos de CO2 na atmosfera indica que as medidas que os governo estão a tomar não são suficientes”, disse Alberto Mataran Ruiz, especialista em ciências ambientais da Universidade de Granada, Espanha, à Al Jazira.

Recorde-se que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou o país do acordo de Paris; na Amazónia, pulmão do planeta, os níveis de desflorestação estão aumentar; na China, aumenta-se o uso de usinas de carvão. Enquanto 70 países se comprometeram com o objetivo da neutralidade carbónica até 2050, Guterres sublinhou que sem os países mais poluidores “o nosso objetivo é inalcançável”. Admitindo haver sinais de esperança, alertou que o ponto de não retorno está “à vista e a aproximar-se de nós”. “Estamos num buraco profundo e continuamos a cavar. Em breve será demasiado fundo para escaparmos”, alertou.