Pompeo em Portugal para advertir contra a Huawei

Santos Silva garante que Portugal não partilha da posição americana em relação aos colonatos israelitas.

A implementação da rede 5G foi o grande tema da conferência de imprensa entre o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, e o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, no Palácio das Necessidades, em Lisboa. Os Estados Unidos não se poupam a esforços para impedir que os seus aliados usem a rede 5G fabricada pela empresa chinesa Huawei, por isso Pompeo aconselhou Portugal a não ficar nas mãos da República Popular da China.

“A liderança da Europa tem a responsabilidade de garantir que a rede que os europeus usam é de confiança e que a informação não será conhecida” por “atores malignos”, disse o responsável americano. “Devemos todos avaliar os riscos dos investimentos chineses nestas áreas estratégicas e sensíveis. Digo isto porque o Partido Comunista Chinês não vai hesitar em usar seja o que for para oprimir o seu povo e outros povos do mundo”. E garantiu que os EUA se têm esforçado para advertir todos os aliados sobre o perigo. “Reconhecemos a soberania de todas as nações, mas tentámos nos últimos dois anos deixar claro aos nossos aliados os riscos que existem do ponto de vista científico e tecnológico”.

Santos Silva, por sua vez, respondeu que qualquer investimento estrangeiro realizado em Portugal estará sempre subordinado “ao poder político, à ordem política democrática e aos interesses de segurança nacional”. E garantiu que assim sucederá na “área crítica das telecomunicações”, nomeadamente na implementação da rede 5G. “Temos, neste momento, três grandes operadoras de telecomunicações em Portugal. Todas têm cumprido com a legislação portuguesa e europeia em matéria de segurança nacional, e assim esperamos que continue”, disse Santos Silva.

Tanto Pompeo como Santos Silva consideraram o encontro “muito produtivo”. Também falaram da Base das Lajes e de “projetos de segurança marítima e de rotas marítimas para África”. Santos Silva considerou a relação de Portugal com os EUA como “vital no domínio da defesa e segurança”.

Relativamente aos colonatos israelitas, que o Departamento de Estado deixou de considerar ilegais em 1978, o ministro português respondeu que Portugal não partilha “da posição americana”.