Contributos para o PSD

O desafio do PSD é ser capaz de se adaptar a novas preocupações e desafios da sociedade, mas sem esquecer a sua história: a sua identidade, o seu posicionamento político e o seu património.

O PSD enfrenta vários desafios que podem ser de sobrevivência. Os partidos são instrumentos da democracia. O seu sucesso depende da utilidade para os cidadãos, que se traduz na credibilidade dos protagonistas, na confiança nas propostas e na ação, que tem de ser afirmativa, mas útil, e na capacidade de dar respostas adequadas aos novos problemas sentidos, nomeadamente nos grandes centros urbanos.

Os partidos não são eternos. Por toda a Europa se têm verificado alterações substanciais nos sistemas partidários com partidos que perdem relevância ou se extinguem e com novos partidos que surgem. Portugal parecia, até agora, estar imune a essa dinâmica, mas os resultados das últimas eleições legislativas indiciam a mesma tendência já verificada noutros países. 

A crise que se vive é sobretudo uma crise de expectativas e de confiança. Crise de expectativas perante cenários de regressão no bem-estar social, económico e ambiental e crise de confiança na capacidade de resposta da sociedade e do Estado.

O desafio do PSD é ser capaz de se adaptar a novas preocupações e desafios da sociedade, mas sem esquecer a sua história: a sua identidade, o seu posicionamento político e o seu património.

O PSD precisa, em primeiro lugar, de ser credível. Credível nas propostas, credível na ação e credível nos protagonistas. O líder do PSD tem de ser confiável aos olhos dos portugueses para ser escolhido para governar o país. Mas o PSD tem também de assegurar a credibilidade dos seus protagonistas nos diversos níveis da ação política.

O PSD deve modernizar a sua organização interna e criar condições para se abrir à sociedade (de facto e não nas proclamações). A abertura à participação efetiva de simpatizantes também nas escolhas internas pode ser um instrumento de credibilização.

Depois, o PSD precisa também de assegurar a confiança através da afirmação de alternativas, mas capaz de ser promotor de convergências políticas que promovam o desenvolvimento e o bem-estar social através de reformas estruturais estáveis e sustentáveis de que o país necessita.

Por fim, o PSD precisa de apresentar propostas que configurem respostas a novos problemas. Neste contexto, deve merecer especial atenção a resposta aos desafios ambientais – que já foram bandeira do PSD -, bem como os emergentes problemas dos grandes centros urbanos não só pela complexidade, como pelo impacto no contexto nacional – perto de metade da população (e eleitores) vive nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto.

O sucesso eleitoral do PSD depende, em larga medida, da capacidade de implantação nos centros urbanos que se constrói com uma melhor organização interna e estruturas ativas, com protagonistas credíveis, com um programa voltado para os desafios urbanos – sociais, habitação, mobilidade, ambiente e com muito trabalho.

A importância que deve ser dada às políticas urbanas tem uma componente de curto prazo relacionada com o peso demográfico e consequentemente eleitoral, mas tem também uma componente estratégica relacionada com a tendência de concentração populacional nas cidades, com a importância na geração de riqueza nacional (as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto concentram mais de metade da riqueza nacional) e ainda no facto de concentrar uma boa parte dos setores mais dinâmicos da sociedade. 

O PSD dificilmente ganhará o país sem ser forte nos centros urbanos.