Especialistas de pares não garantem sucesso

A história do ténis nacional demonstra ser preferível apostar em dois bons jogadores de singulares para constituírem uma equipa, do que confiar nos chamados especialistas da variante

Um amigo interpelou-me há uns tempos sobre se não seria uma boa ideia a Federação Portuguesa de Ténis promover a criação de uma dupla que pudesse começar a dar mais vitórias a Portugal na Taça Davis.

É preciso dizer que a seleção nacional venceu os três últimos encontros de pares na Taça Davis e não me parece que seja esse o problema.

Julgo que mais importante será perceber como inverter a tendência de termos perdido as últimas seis eliminatórias que disputámos fora de casa. 

É preciso recuarmos a 2013 para vermos a última vitória portuguesa no estrangeiro. Em contrapartida, a jogar em casa temos um registo positivo de sete triunfos e apenas dois desaires desde o início de 2014.

Mas o que respondi ao meu amigo foi que quando estão em causa representações nacionais a história do ténis tem demonstrado ser preferível apostar em dois bons jogadores de singulares para constituírem uma equipa, do que confiar nos chamados especialistas da variante.

Nos Jogos Olímpicos houve medalhas de ouro para Rafa Nadal e Marc Lopez no Rio de Janeiro em 2016, Roger Federer e Stan Wawrinka na China em 2008, Fernando Gonzalez e Nico Massu em Atenas em 2004, Boris Becker e Michael Stich em Barcelona em 1992.

Claro que quando deparamos com especialistas de pares de primeira grandeza o sucesso também é garantido, como sucedeu com Mark Woodforde e Todd Woodbrige em Atlanta em 1996 e os irmãos Bob e Mike Bryan em Londres em 2012.

Na Taça Davis também há casos de especialistas que marcaram a competição como os irmãos Bryan, com um registo de 24 vitórias e 5 derrotas, ou os Woodies com o seu excelente 14-2.
Mas na Taça Davis é mais normal vermos dois jogadores de singulares marcarem a diferença pela positiva.

Olhando para as finais da Taça Davis, temos de retroceder à de 2007 para vermos o último encontro de pares ganho por uma dupla de especialistas, no caso, os irmãos Bryan. Desde então, a equipa que ganhou o duelo de pares teve sempre um ou dois bons jogadores de singulares.

No novo formato que a competição centenária adotou em 2019 – a polémica Davis Cup Finals de Gerard Piqué – a tendência manteve-se.

A Espanha sagrou-se campeã com Rafa Nadal a vencer todos os seus encontros de singulares e de pares, com destaque para os pares terem assegurado os pontos da vitória nos quartos de final (Nadal ao lado de Marcel Granollers) e nas meias-finais (Rafa emparceirando com Feliciano Lopez).

Para a semana explicarei esta tendência com a ajuda de Frederico Marques, o treinador de João Sousa.