“Os bons treinadores portugueses estão todos lá fora. Não se pode estar oito anos à espera para tirar um curso”

O dirigente do Sp. Braga critica a demora para tirar um curso de treinador e diz que essa é uma questão que deve ser debatida pela ANTF, que teceu críticas à contratação de Rúben Amorim.

O presidente do Sporting de Braga, António Salvador, explicou, esta sexta-feira, porque escolheu Rúben Amorim para substituir Ricardo Sá Pinto e respondeu ainda às críticas da Associação Nacional dos Treinadores de Futebol (ANTF), que tinha classificado a promoção do técnico à equipa principal como uma “vergonha”.

"O Rúben chega a este cargo por duas razões: porque tem conhecimento e capacidade para assumi-lo. Tenho a certeza de que será mais um dos grandes treinadores que o Braga projeta para o futebol internacional. As qualidades na relação com o grupo de trabalho e preparação do jogo são dois dos seus atributos. É preciso dar resposta aos três objetivos: ganhar, praticar bom futebol, que agrade aos sócios, e valorizar jogadores e a nossa formação. Sabemos o lugar a que pertencemos", disse o dirigente, durante a apresentação de Rúben Amorim.

"Com tantos anos de experiência de futebol ao mais alto nível, o Rúben tem experiência e conhecimento para os resultados. Quero felicitar o Rúben Amorim e não dar as boas-vindas, porque já era desta casa. Vamos conseguir aquilo que ainda não foi feito e levar o nosso clube ao mais alto patamar, que todos desejamos", acrescentou, fazendo referência ao cargo que Amorim desempenhava, como técnico da equipa B.

Para António Salvador as críticas feitas em comunicado por José Pereira, presidente da ANTF, são “uma injustiça”.

"Acho de uma tamanha injustiça as declarações do presidente da ANTF. Primeiro porque o SC Braga, em Portugal, nos últimos anos valorizou o treinador português, que teve mais treinadores portugueses e que hoje têm sucesso internacionalmente. Desde Jesualdo Ferreira a Jesus, a Domingos Paciência, Leonardo Jardim, José Peseiro, Sérgio Conceição, Paulo Fonseca e, por último, Abel Ferreira, que foi um treinador da nossa equipa B. Abel era o treinador que estava há mais tempo seguido no clube em Portugal. Todos saíram do Braga com uma valorização enorme. Sempre valorizámos o treinador português", começou por defender.

O dirigente critica a demora para tirar um curso de treinador e diz que essa é uma questão que deve ser debatida pela ANTF e pelas outras entidades no futebol.

"Hoje estamos perante um défice de treinadores de qualidade em Portugal, com a falta da tal carteira que se fala para desempenhar as suas funções. Isso é um problema que deve ser debatido entre todas as entidades e a própria Associação Nacional de Treinadores. Hoje há uma nova geração de treinadores e é inconcebível que não possamos ter os treinadores disponíveis com os seus cursos para treinar em Portugal. Os bons treinadores portugueses estão todos lá fora a treinar e não temos treinadores numa nova geração de qualidade que queriam treinar, trabalhar em clubes que lhes deem condições para fazer o seu trabalho”, disse.

“Houve um treinador português [Mário Silva] que venceu a Liga Jovem da UEFA e que teve de ir para o estrangeiro porque não pôde continuar em Portugal, porque não tem esse nível. Não se pode estar oito anos à espera para tirar um curso e isso é que a Associação de Treinadores devia discutir em fóruns. Assim não estamos a prevenir o futuro do futebol português…O SC Braga vai cumprir todos os regulamentos que a lei manda sobre a sua equipa técnica. Temos dois treinadores com o quarto nível", rematou.

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