Navio a buzinar no Tejo. Bloco de Esquerda questiona Medina

 “Em causa está o bem-estar dos lisboetas que vivem mais próximo da frente ribeirinha, existindo relatos de pessoas acordadas já na zona da Estefânia”, refere o partido. 

O Bloco de Esquerda entregou esta quinta-feira um requerimento dirigido a Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa. “Em causa está o bem-estar dos lisboetas que vivem mais próximo da frente ribeirinha, existindo relatos de pessoas acordadas já na zona da Estefânia”, lê-se no comunicado, em que se acrescenta que o partido “tem vindo a avançar com propostas para a redução da poluição nas suas várias vertentes, produzidas pelos meios de transporte de grandes dimensões que passam pela capital”. 

Para o Bloco de Esquerda, existe “a violação dos níveis de ruído ambiente exterior estabelecidos no Plano de Ação do Ruído da Câmara de Lisboa”, que prevê o limite “a 65 decibéis durante o dia e 55 decibéis para o período nocturno, entre as 23h e as 7h”, acrescenta.

Manuel Grilo, vereador do partido na Câmara Municipal de Lisboa, refere ainda que o “direito ao descanso está comprometido” e que, segundo o Grupo de Trabalho sobre Governação Integrada na Área do Ruído “pelo menos 20% da população da União Europeia reside em zonas com níveis de ruído ‘inaceitáveis’, em período nocturno, superiores a 45 decibéis e é ‘um dos maiores problemas ambientais da União Europeia’, provocando efeitos na saúde, a nível fisiológico e psicológico, como o sono, a capacidade de concentração e de comunicação”. 

O navio de carga "Western Miami" está fundeado no rio Tejo e tem buzinado ao longo das últimas noites. Os relatos multiplicam-se nas redes sociais e dão conta de que o barulho é tal que não deixa os habitantes das zonas de Penha de França, Santa Apolónia ou Graça dormir. 

Ao i, o comandante Fernando Pereira da Fonseca, porta-voz da Marinha, explicou que o navio esteve apenas a cumprir uma das regras do Regulamento Internacional para Evitar Abalroamentos no Mar, uma vez que existia nevoeiro. "A partir do momento em que há visibilidade reduzida, é emitido um apito curto e outro prolongado", explicou, acrescentando que os sinais sonoros são emitidos mesmo quando não passam embarcações, sendo esta uma questão de segurança devido à visibilidade reduzida. O navio está fundeado no Tejo, numa zona prevista na carta de fundeamentos, elaborada pela Marinha.