Ataque a aeroporto no Iraque, ordenado por Trump, mata general iraniano. “A nossa vingança contra a América será terrível”

A secretária de Estado para Assuntos Europeu, Amélie de Montchalin afirma que esta sexta-feira “estamos a acordar num mundo mais perigoso”, depois do assassinato de Soleimani. 

O comandante da força de elite iraniana Al-Quds, Qassem Soleimani, foi morto, esta quinta-feira, num ataque aéreo ao aeroporto de Bagdad, por ordem do presidente norte-americano, Donald Trump. "Por ordem do Presidente, as forças armadas dos Estados Unidos tomou medidas defensivas decisivas para proteger o pessoal norte-americano no estrangeiro, matando Qassem Soleimani", anunciou o Departamento de Defesa norte-americano, através de um comunicado.

O líder supremo do Irão já veio a público lamentar a morte do general e prometeu vingar-se dos Estados Unidos. "O martírio é a recompensa pelo trabalho incansável durante todos estes anos. Se Deus quiser, o seu trabalho e o seu caminho não vão acabar aqui. Uma vingança implacável aguarda os criminosos que encheram as mãos com o seu sangue e o sangue de outros mártires", afirmou Ali Khamenei, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).

O Irão declarou três dias de luta nacional. Segundo as forças de segurança iraninanas, oito pessoas morreram devido ao ataque. Além de Soleimani também o conhecido como o ‘número dois’ da coligação de grupos paramilitares pró-iranianos no Iraque, Abu Mehdi al-Muhandis, conhecida como Mobilização Popular [Hachd al-Chaabi], também foi atingido mortalmente pelas forças norte-americanas.

O Pentágono afirma que Soleimani estava "ativamente a desenvolver planos para atacar diplomatas e membros de serviço norte-americanos no Iraque e em toda a região" e acusou o general de ter planeado o ataque à embaixada dos EUA em Bagdad, que ocorreu no início desta semana. 

Depois do anúncio da morte do general, Donald Trump publicou uma fotografia da bandeira norte-americana dos Estados Unidos, sem nenhuma descrição ou comentário sobre o sucedido. 

O chefe da diplomacia do Irão afirma que a morte do general iraniano constitui uma "escalada extremamente perigosa". "O ato de terrorismo internacional dos Estados Unidos (…) é extremamente perigoso e uma escalada imprudente" das tensões, afirmou Mohammad Javad Zarif, numa mensagem publicada na rede social Twitter.

O antigo líder da Guarda Revolucionária iraniana Mohsen Rezai também condenou o ataque e deixa um aviso:  "A nossa vingança contra a América será terrível".

Vários países mostraram-se preocupados com a decisão de Trump e preocupados com a escalada de violência a nível Internacional. O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, citado pelas agências RIA Novosti lamentou a morte de Soleimani e afirma que este foi "um passo arriscado que levará ao aumento das tensões na região. 

A secretária de Estado para Assuntos Europeu, Amélie de Montchalin afirma que esta sexta-feira "estamos a acordar num mundo mais perigoso", depois do assassinato de Soleimani. "Quando essas operações ocorrem, podemos ver claramente que a escalada está em andamento, quando queremos estabilidade e um decréscimo (da escalada) acima de tudo", afirmou, citada pela rádio RTL. 

O porta-voz da diplomacia chinesa, Geng Shuang, pediu tanto ao Irão como aos Estados Unidos, "que mantenham a calma e contenção para evitar nova escalada da tensão".