Montepio. Nomeação de novo CEO adiada para quinta-feira

A reunião marcada para ontem foi cancelada devido ao falecimento de um familiar de um dos administradores.

A reunião para aprovar o nome de Pedro Leitão para CEO do Banco Montepio foi adiada para a próxima quinta-feira. A reunião marcada para ontem foi cancelada devido ao falecimento de um familiar de um dos administradores, revelou a instituição financeira ao SOL.

O encontro tinha sido anunciado há cerca de uma semana por Carlos Tavares aos trabalhadores do banco.

 Com esta nomeação é posto um ponto final no impasse em torno da liderança da instituição financeira que, desde fevereiro, contava com Dulce Mota como CEO interina. Ao que o SOL apurou, esta deverá manter-se no banco como administradora. Já Carlos Tavares mantém o cargo de chairman.

A relação entre Dulce Mota e Carlos Tavares foi-se deteriorando nos últimos meses e ganhou novos contornos com o lançamento do Banco de Empresas Montepio (BEM). Dulce Mota – como o SOL também avançou, em maio – não estaria confortável com este projeto e chegou mesmo a partilhar o seu descontentamento tanto interna como externamente. O BEM contará com dez espaços empresa – situados em Aveiro, Braga, Leiria, Lisboa e Grande Lisboa, Porto e Grande Porto, Faro e Viseu – e trabalha apenas com quem tenha uma faturação superior a 20 milhões de euros.

Pedro Leitão foi a pessoa escolhida para liderar a instituição financeira depois de Pedro Gouveia Alves ter pedido para ser retirado o seu nome para ser o futuro CEO da instituição financeira. Tal com o SOL avançou, o atraso na avaliação da idoneidade e as exigências do Banco de Portugal levaram-no a tomar essa decisão. 

O novo CEO está desde 2015 no Banco Atlântico Europa. Antes disso, foi administrador do Banco Millennium Atlântico, em Angola, entre 2011 e 2014, e foi ainda partner da Delloite, entre 2001 e 2011. Além da indigitação de Pedro Leitão, em cima da mesa estão ainda como administradores não executivos José Nunes Pereira (reformado do Banco de Portugal) e António Egídio dos Reis (reformado da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões).

Desafios 

Cabe ao novo presidente a recuperação dos resultados do banco. Nos primeiros nove meses do ano passado, o Montepio registou um resultado líquido consolidado de 17,7 milhões de euros. Os números indicam uma quebra de 21% nos lucros face ao período homólogo – 22,4 milhões –, explicada pela menor contribuição do Finibanco Angola em 11,3 milhões e pelo aumento do nível de impostos, em 27 milhões.

Também equilibrar as relações entre trabalhadores e administração é outro desafio do futuro CEO. Tal como o SOL avançou, os resultados do inquérito realizado pela comissão de trabalhadores da instituição financeira foram arrasadores ao apontarem para a existência de deficiências de liderança, assim como a falta de uma definição clara e compreendida entre trabalhadores quanto à estratégia da instituição financeira. Umas conclusões que levaram o conselho de administração a comprometer-se com a Comissão de Trabalhadores a apresentar «medidas o mais urgentemente possível para colmatar algumas deficiências apontadas».

Uma situação que, ainda assim, é desvalorizada por Carlos Tavares que numa carta enviada aos trabalhadores esta semana a que o SOL teve acesso fala de «equipa trabalhadora, motivada e coesa». 

No mesmo documento, Carlos Tavares lembrou que «2019 foi um ano difícil e desafiante para o grupo Banco Montepio, em que iniciámos a execução do nosso plano de transformação, que nos continuará a guiar nos próximos anos». No entanto, deixou a garantia de que «os resultados surgirão de forma proporcional à determinação que formos capazes de colocar na sua aplicação».
O chairman da instituição financeira disse também que 2020 arranca com mudanças relevantes no governo da instituição. «Na próxima semana, juntar-se-á a nós Pedro Leitão, já autorizado pelo Banco de Portugal a exercer funções executivas na administração do Banco Montepio e cuja nomeação como presidente da comissão executiva proporei de imediato ao conselho de administração. Estou certo de que as suas qualidades pessoais e profissionais e o seu espírito de missão são motivos que nos animam e dão confiança neste novo ciclo».