Para Sérgio Sousa Pinto e Francisco Assis
Os ‘comentários’ nas redes sociais, isto é, a opinião pública como hoje em geral se manifesta, é tão vomitante quanto a vários títulos instrutiva.
‘Zelosa’ – ou, como me dizem, comprada -, revela na sua dominância um dos condimentos do caldo de irracionalidade, frustração e ódio em que, no passado histórico recente, emergiu a besta ‘fascista’, os totalitarismos. Tal como o conheceu em Itália Umberto Eco, e os sofreram Primo Levi ou Soljenitsine nos respectivos países.
Remete também para outras experiências da mesma natureza – ou nalguns aspectos idênticas – mas porventura menos visivelmente malignas.
Experiências resultantes do que entre nós continua a ser, desde há mais de 40 anos, criminosamente (criminosamente, repito) cultivado: a escola ignorante, iletrada, analfabeta, do facilitismo, da permissividade, da irresponsabilização, da cega ideologia igualitarista – essa, sim, reprodutora agravante das desigualdades sociais, tal como os dados, os factos, provaram sempre.
Escola de todos os partidos que ocuparam o poder e dos que de fora tudo fizeram e fazem para a impor. Honra para a única excepção, responsável por uma brevíssima pausa e tentativas de regeneração – as possíveis – neste processo: Pedro Passos Coelho.
Com o acumular, o cúmulo, o resultado agravado disso tudo na universidade, na sua endémica mediocridade, na perversidade autofágica que predominantemente manifesta para com o que a podia regenerar. Com raríssimas excepções, circunscritas e temporárias, geralmente devidas à lucidez e espirito hábil de algum ET sobrevivente.
Por isso, hoje, mais ainda, continuamos a sofrer e a ser aquilo de que os melhores de nós sonharam sempre libertar-nos.
Acuso os que, compreendendo o que esteve em curso na escola durante todos estes anos, foram cúmplices, se calaram ou olharam para o lado. E continuam a olhar para o lado HOJE. Tenho de acusar também os amigos que, perante a evidência, HOJE, dos efeitos da experiência em todos os registos da vida do país, continuam a não assumir o erro, não erguendo contra ela uma voz clara.
Protesto cívico e moral contra o que, sempre pior, conduz Portugal e os portugueses por um caminho que, em cada dia, mais se revela não ter regresso.