Ataques contra símbolos cristãos na Europa aumentaram

Segundo relatório, a maioria dos cerca de três mil ataques ocorreram em França e Alemanha. Mesquitas também não escapam à onda de ódio.

Houve cerca de três mil ataques a igrejas e outros símbolos cristãos na Europa durante 2019. A denúncia é do Gatestone Institute, que aponta França e Alemanha como palco habitual deste tipo de incidentes, embora também tenham sido registados episódios semelhantes na Bélgica, Reino Unido, Dinamarca, Irlanda, Itália e Espanha.

Segundo este centro de estudos internacional – muitas vezes polémico devido às suas posições conservadoras e anti-imigração –, entre os atos de violência analisados contam-se “incêndios criminosos, profanação de lugares de culto, pilhagens, roubo e vandalismo”. Através da recolha de várias notícias divulgadas pela imprensa europeia, ao longo do ano passado, o Gatestone Institute concluiu que os cerca de três mil locais atacados incluem ainda cemitérios e monumentos.

A confirmarem-se estes dados, os atos de violência contra espaços conotados com a fé cristã voltaram a aumentar, atingindo uma média de cinco ataques por dia, o que é um recorde no capítulo da hostilidade religiosa no Velho Continente.

Estes dados vêm confirmar os relatórios do Observatório da Intolerância e Discriminação contra os Cristãos, divulgados em julho e novembro de 2019, que identificavam “um aumento no número de igrejas, símbolos cristãos e cemitérios em toda a Europa sendo vandalizados, profanados e queimados” em 2018, por comparação com os anos anteriores. Na sequência do relatório, Ellen Fantini, diretora executiva do observatório, afirmou que os cristãos têm vindo a ser “pressionados de muitas maneiras diferentes na Europa: desde interferência nas liberdades de consciência, expressão e associação até negação de acesso à justiça e serviços jurídicos”. A dirigente referiu ainda que “os símbolos religiosos cristãos são removidos da praça pública, os cristãos são submetidos a estereótipos negativos nos meios de comunicação social e os grupos cristãos são excluídos dos campus universitários”.

A exemplo dos anos anteriores, os casos mais mediáticos voltaram a ocorrer em França e na Alemanha. Em terras gaulesas, uma onda de vandalismo varreu 12 igrejas no espaço de um mês. A 17 de março, um incêndio destruiu parcialmente a histórica igreja de Saint-Sulpice, em Paris – um episódio que os meios cristãos classificam como “criminoso”. Nimes e Dijon foram outras localidades onde ocorreram situações de violência. Na Alemanha, somente entre abril e junho de 2019 foram registados 30 incidentes em igrejas.

 

Mesquitas são alvo

Conclui-se que o clima de ódio inter-religioso não abrandou em 2019. O epicentro deste sentimento continua a ser França, onde os diferentes credos são habitualmente alvo de manifestações de intolerância. O caso mais mediático aconteceu a 28 de outubro, quando um homem de 84 anos, reformado e militante da Frente Nacional, disparou contra duas pessoas junto a uma mesquita na cidade de Baiona, no sudoeste do país. O ataque feriu gravemente dois muçulmanos. O atacante ainda tentou incendiar uma mesquita na cidade antes de ser detido.

Entre vários relatos, o último ano ficou marcado pelo atentado de março contra duas mesquitas na distante (e improvável) Nova Zelândia, onde um militante de extrema-direita assassinou 51 pessoas. Em abril, e alegadamente em resposta, ataques concertados em três igrejas cristãs e quatro hotéis mataram perto de 300 pessoas no Sri Lanka.