Reino Unido. Johnson aprova acordo do Brexit com margem confortável

Após 31 de janeiro, Boris tem apenas 11 meses para negociar a futura relação entre Londres e Bruxelas.

Foram anos de disputa política, mas o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia foi finalmente aprovado na Câmara dos Comuns, por uma margem muito confortável. Trezentos e trinta deputados votaram a favor e 231 contra o acordo negociado pelo primeiro-ministro britânico, o conservador Boris Johnson. Esta maioria foi conseguida graças à estrondosa vitória dos conservadores nas eleições de 12 de dezembro do ano passado, abrindo caminho à saída do Reino Unido, a 31 de janeiro. Agora, os conservadores prometem começar as negociações sobre a futura relação entre Londres e Bruxelas o mais depressa possível. 

O projeto-lei do acordo demorou apenas três dias para passar todas as fases de discussão na Câmara dos Comuns. Define as regras do período de transição de 11 meses até que o Reino Unido saía efetivamente da UE – incluindo quais os direitos dos cidadãos europeus e britânicos. Também estabelece a indemnização que Londres terá de pagar para sair: a última estimativa era de 44 mil milhões de euros, mas poderá ser aumentada devido aos sucessivos adiamentos do Brexit.

O acordo de Johnson é praticamente igual ao da sua antecessora, Theresa May, que foi sucessivamente chumbado pelos deputados. Mas há uma diferença crucial: em vez de manter todo o Reino Unido alinhado com Bruxelas, cria uma espécie de fronteira no mar da Irlanda, mantendo as regras comerciais europeias na Irlanda do Norte, parte do Reino Unido.

Apesar da larga maioria de Johnson, os opositores do Brexit não deixaram de se fazer ouvir. “Votaram por uma lei que desfaz as nossas proteções ambientais, apesar de estarmos a enfrentar uma emergência climática”, disse o porta-voz dos Democratas Liberais, Alistair Carmichael, referindo-se às proteções ambientais europeias. Já o líder dos nacionalistas escoceses no Parlamento, Ian Blackford, prometeu que a Escócia iria “permanecer um país europeu independente” – a maioria dos escoceses votaram contra o Brexit.