Vamos salvar o mundo! Neste Natal, ofereça educação

Por altura do Natal de 1918, H. George Wells começou a trabalhar no livro que viria a ser lançado dois anos depois The Outline of History. Depois de escrever The War of the Worlds (1898) e outras obras utópicas e visionárias que, há mais de um século, já abordavam questões ainda atuais como a ameaça…

Por altura do Natal de 1918, H. George Wells começou a trabalhar no livro que viria a ser lançado dois anos depois The Outline of History. Depois de escrever The War of the Worlds (1898) e outras obras utópicas e visionárias que, há mais de um século, já abordavam questões ainda atuais como a ameaça de guerra nuclear ou a ética na manipulação de animais, Wells assume a desesperada missão de salvar o mundo. Em pleno rescaldo da I Guerra Mundial, Wells não tinha dúvidas de que a educação era a única via possível de evitar a catástrofe de novas guerras. Convencido que o mundo após a Grande Guerra se tornava numa ‘corrida entre a educação e a tragédia’, o famoso escritor acreditava firmemente que a educação teria o poder de mudar as crenças e atitudes de todos os povos e desta forma o mundo ficaria a salvo. Escrever um livro pareceu-lhe a forma mais eficaz de chegar a uma audiência mais vasta do que a que tinha em sala de aula enquanto professor e o meio ideal para potenciar o poder da educação e fragilizar oportunidades de novas guerras. The Outline of History, um diálogo sobre a história como um todo, tornou-se um manifesto sobre o papel da educação na alteração do curso dessa mesma história. 

Em 2019, Wells passaria novamente o Natal à volta da lareira e, agora no seu computador pessoal, reescreveria um novo esboço da história. As personagens teriam hoje outros nomes, os gatilhos da guerra mostrariam outros cenários mas, a competição entre a educação e a catástrofe continuaria sem desfecho. No seu melhor estilo, Wells, provavelmente anteciparia um cenário em que as tecnologias substituiriam os humanos e tomaria a missão de ‘educar’ as tecnologias para salvar a humanidade. Certo é que estas já asseguram muitas tarefas que ensinamos aos alunos há décadas, mas ainda não demonstram valor suficiente para ganharem a corrida contra as catástrofes que se colocam ao mundo: alterações climáticas, a paz e segurança, a fome, os direitos humanos, entre tantas outras. 

É verdade que, num século, se declarou a educação como direito básico para todos, ninguém duvida que a educação melhora a qualidade de vida dos indivíduos e da sociedade em geral e que só através da educação se constroem os recursos humanos que o mundo precisa para ser sustentável a nível económico, social, cultural e moral. Numa causa que depende de governos, de todo o tipo de organizações e de cada cidadão individualmente, em que as ferramentas ao dispor da educação abundam, não haverá perdão para a humanidade se a corrida não for ganha. A agenda 2030 das Nações Unidas define 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável. À Educação, além de constituir só por si um dos 17 objetivos, é-lhe atribuída a grande responsabilidade de ser pilar para atingir todos os restantes. O manifesto e poder da educação está reconhecido. Das formas, dos conteúdos e da rapidez de antecipação de desafios que escolhermos para a educação dependerá a vitória e o futuro da humanidade. 

Célia Gonçalves Pires
Diretora de Gestão da Qualidade – Grupo Lusófona